Pessoas com deficiência se reúnem com Fabíola e Milton para discutir a saúde
Candidatos
a deputado pelo PSB, vereadora e professor surdo comandaram roda de diálogos
com representantes da causa dos portadores de necessidades especiais, onde
debateram, além do atendimento sanitário, temas transversais concernentes a seus direitos
Da
esquerda para a direita: Juvêncio Ruy (suplente de Eliana Calmon), conselheira
Isadora Maia, Fabíola Mansur e Professor Milton
Na
acepção de Fabíola, os candidatos que ela apoia são "ferramentas de
projetos" benéficos aos direitos humanos e à cidadania plena
(Foto:
Hugo Gonçalves)
Em
parceria com o candidato a deputado federal pelo Partido Socialista Brasileiro
(PSB), Professor Milton Bezerra Filho, a pleiteante a uma cadeira na Assembleia
Legislativa pelo partido, Fabíola Mansur, organizou a segunda roda de diálogos,
que debateu os direitos das pessoas com deficiência, privilegiando a situação
atual do atendimento à saúde. A conversação, promovida nesta terça-feira (19),
no comitê de campanha da vereadora, no Rio Vermelho, foi apreciada por mais de
setenta espectadores, sintonizados com a causa desse segmento minoritário.
Compuseram
a mesa da reunião participativa, além dos anfitriões, o auditor fiscal Juvêncio
Ruy, que teve a honra de representar na oportunidade a candidata do PSB ao
Senado, Eliana Calmon, de quem é primeiro suplente, e a membro-titular do
Conselho Estadual de Saúde, doutora Isadora Maia, também procuradora jurídica
da Associação Baiana para Cultura e Inclusão (Abaci) e da Federação das
Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apaes) da Bahia.
Para
Fabíola, assim como ela e Milton, a futura governadora Lídice da Mata, Eliana e
a nova presidenciável socialista, Marina Silva, não apenas ambicionam cargos
políticos, mas também estabelecem pactos com os deficientes. "Nós somos
ferramentas de projetos das pessoas com deficiência, projetos que defendam
direitos humanos, mas sobretudo que sejam e ensejem cidadania plena, que é
garantida na Constituição. Quando nós, aqui, nos colocamos, é muito mais para
ouvir todas as pessoas", afirmou.
Durante
seu discurso, a futura deputada estadual salientou que Lídice está comprometida
com a causa dos portadores de necessidades especiais e Eliana, na condição de
juíza, sabe a quantidade de leis existentes no Brasil, que deveriam se
sensibilizar efetivamente para diminuir as barreiras para esse segmento,
garantindo sua cidadania plena. Entretanto, conforme Fabíola, essas leis não
são cumpridas para fazer valer os seus direitos como cidadãos.
"Se
temos dificuldades aqui na capital, imagine o que é no interior: é nada, um
deserto, zero de direitos. A Constituição, para pessoas com deficiência, não
parece ter chegado ao interior do estado. E aí, a importância de a gente ter a
consciência que é preciso eleger representantes que sejam comprometidos em
ouvir e poder falar sobre essas demandas. E é para isso que a gente está
aqui", frisou.
Quando
introduziu seu discurso, Isadora Maia declarou que, além de ser portadora de
deficiência visual – foi diagnosticada com baixa visão –, é uma pessoa que
sempre luta pelos interesses públicos. "A gente entende que política
pública não é nada muito fácil, vindo principalmente do Judiciário, e que a
gente luta transversalizando pelo Judiciário para conseguir efetivar políticas
que não são implementadas", disse.
Verba
insuficiente
Embora
esteja disponível, o orçamento na área sanitária, na opinião de Isadora, é
insuficiente. Logo, falta realmente disseminar, nas Diretorias Regionais de
Saúde (Dires) da Bahia, a rede de reabilitação dos pacientes com deficiência
física em todas as dimensões, como visual, auditiva, física e intelectual. A
afirmação da conselheira foi compartilhada pela coordenadora da Abaci, Cristina
Gonçalves, presente na roda de diálogos.
"A gente sabe que o dinheiro para a saúde da pessoa
com deficiência existe, mas, infelizmente, tanto o Conselho (Estadual de Saúde) quanto a
Secretaria da Saúde (do estado) e a Secretaria Municipal da Saúde não
contemplam ainda a saúde da pessoa com deficiência, porque, como sempre, não
absorve as especificidades de cada deficiência. A especificidade da pessoa com
deficiência visual não é a especificidade da auditiva, muito menos da
intelectual e muito menos da física", salientou.
Segundo Cristina, os recursos têm que ser encaminhados
pelas organizações não governamentais (ONGs) de controle social, objetivando
sensibilizar o Poder Público. Ela disse ainda que, ao destinar essa verba para
outras minorias sociais, como lésbicas, gays, bissexuais, travestis e
transgêneros (LGBTs), negros e mulheres, e mesmo sem especificá-la para
deficientes, observando suas especificidades, a saúde continuará sendo
deficitária, "que precisa de penduricalhos para atender a pessoa com
deficiência".
Na condição de militante da causa dos portadores de
necessidades especiais, a coordenadora da Abaci concluiu seu comentário,
convencendo aos espectadores que é preciso simplesmente cumprir as leis hoje
vigentes. "Cumprir leis nada mais do que isso. E para isso, eu acredito que
é necessário que o Conselho Estadual de Saúde seja mais eficaz no
comprometimento com a causa do segmento, para que isso seja implementado dentro
do Conselho e observado em suas especificidades", prometeu Cristina
Gonçalves.
A conselheira Isadora Maia reconheceu que as Apaes
baianas atendem deficientes de qualquer natureza, com predominância nos
municípios interioranos. "A Apae aqui em Salvador até dá mais atenção à
deficiência intelectual. No interior, não, (pois) atende todas as
deficiências, porque é a necessidade dos municípios. E mais do que isso, a
necessidade nossa de estar falando na mesma palavra, nada sobre nós sem
nós", explicou, ressaltando o esforço mútuo de Fabíola, do Professor
Milton e de Eliana com a saúde, em termos de partido.
Como vereadora, Fabíola preside comissão da
pessoa com deficiência, na qual Milton figura entre os conselheiros
(Foto: Hugo Gonçalves)
"Queremos cidadania"
Em sua fala, Fabíola elogiou Milton como "um quadro
político espetacular" e um defensor não exclusivamente da causa das
pessoas com deficiência, mas sobretudo da cidadania. "(Milton)
Defende o que é certo, porque nós queremos é cidadania, porque tem algumas
especificidades da pessoa com deficiência, mas o que a gente quer é gente séria
no poder. Gente que seja uma ponte entre pessoas e as leis, pessoas no poder
para fazer o bem", enfatizou.
Como vereadora de Salvador, a socialista se posicionou à
disposição dessa causa. Ela lembrou que, em função de ser neta de um cego por
glaucoma, doença cujo principal sintoma é a cegueira, cursou Medicina com
especialização em Oftalmologia. "Meu avô é um artista plástico, pintor de
casarios – nossa família é de Santo Antônio, no Pelourinho –, pintor cego num
momento onde não havia acesso algum à rede de assistência à saúde, não havia
sequer informação sobre algumas doenças naquela época. Conheci o que é a
inacessibilidade à saúde".
A capital baiana, na avaliação da candidata a deputada
estadual pelo PSB, está entre as cidades inacessíveis do país por haver
limitações gigantescas a espaços que deveriam possibilitar a acessibilidade de
direitos, principalmente para deficientes físicos. Na Comissão Especial de
Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência da Câmara Municipal, da qual
Fabíola é presidente, a edil já propôs alguns projetos com a assessoria de
conselheiros, entre eles o Professor Milton.
No âmbito da saúde, o colegiado apresentou cinco projetos
de autoria de Fabíola, dois dos quais já são leis no município. A primeira, de
número 8.624/2014, também conhecida como Fila Zero, oportuniza o agendamento
telefônico prioritário de consultas e exames para portadores de necessidades
especiais cadastrados em suas unidades de saúde. "Mas ela vale também para
idosos, crianças, mulheres gestantes e pessoas com câncer. Essa lei já está em
vigor há duas semanas, (mas) nós precisamos divulgar essa lei",
notificou.
Já a segunda lei, a de número 8.625/2014, diz que os 25%
da marcação de todas as consultas e exames devem priorizar a pessoa com
deficiência, como forma de diminuir a vulnerabilidade. Conforme a postulante à
Assembleia, é preciso "brigar para a saúde para todos", permitindo
acesso, financiamento, remuneração digna para os profissionais, infraestrutura
adequada e acessibilização de espaços, com um "olhar diferenciado"
para pessoas com todas as modalidades de deficiências, válido não apenas para a
saúde.
Ao visitarem espaços públicos de Salvador, a exemplo da
Estação de Transbordo da Lapa, maior terminal de transporte coletivo da cidade,
os membros da comissão, com Fabíola Mansur à frente, observaram que não há
nenhum intérprete de língua brasileira de sinais (Libras) nem sinalização
adequada, inclusive para os portadores de deficiência física.
"O direito de ir e vir não está assegurado para as
pessoas com deficiência, e é preciso identificar pessoas que tenham essa causa
como causa prioritária. E assim, é que eu defendo o voto para deputado federal
no Professor Milton, que, além de ser uma pessoa séria, que representa todas as
pessoas, não só a pessoa com deficiência, tem certeza que estará lá, defendendo
em Brasília toda essa questão de ampliação da rede, financiamento da rede por
nós", persuadiu a vereadora.
“Nós temos obrigação de colocar Milton lá (na Câmara dos Deputados). Não é possível que a Bahia não tenha em Brasília um representante da causa da pessoa com deficiência à altura e com a qualificação política de Milton.”Fabíola Mansur
Causa motiva debates
Os interesses que Milton defende servem de motivação para
as reuniões de diálogos como a da última terça-feira, na qual compareceram,
conforme estimativas de Fabíola, pouco mais de setenta pessoas, "que têm
famílias, que têm possibilidade de pedir esse voto", e sobretudo acreditam
na chance de colocá-lo na Câmara dos Deputados. A edil crê que a eleição, para
a Casa, do único candidato representante das pessoas com deficiência é possível
através da coligação proporcional encabeçada pelo PSB, na qual ele tem que ser,
pelo menos, o segundo ou o terceiro colocado.
Fabíola
acrescentou que, se 750 mil pessoas na Bahia possuem algum tipo de deficiência,
é necessário divulgar, em vários espaços por todo o estado, e também nos
e-mails e nas redes sociais, o número do Professor Milton, 4026. "Toda
essa emoção que vocês têm, de anos de obstáculos gigantescos de exercício de
cidadania plena, trabalho digno e saúde de qualidade, tem que se transformar em
energia de voto na urna. É possível, vocês poderão, nós teremos uma grande
surpresa", entusiasmou-se.
Em
conjunto com a vereadora, de quem é amigo há tempos, o Professor Milton mantém
compromissos firmados com os deficientes, inclusive os surdos. Segundo o futuro
deputado federal, Fabíola Mansur conseguiu, rapidamente, implementar alguns
projetos que favoreçam essa minoria. Paralelamente aos avanços conquistados,
avalia o docente, "muitos surdos falam de problemas de saúde, de
habilitação, da falta de intérprete, e os médicos não conseguem conversar com
os surdos, alguns conseguem, vão no INSS (Instituto Nacional do Seguro
Social) e não recebem benefícios".
Como
a questão da saúde implica um problema grave e que exige atenção, os baianos
reivindicam mudanças estruturais na Secretaria da Saúde. "(A pasta)
Tem verbas que precisam ser destinadas ao interior, aos municípios, porque não
têm acessibilidade", explicou o militante surdo, esclarecendo a falta de
atendimento para pessoas com deficiência fora da capital. "Hospitais, como
o Hospital do Subúrbio, às vezes ficam lotados de pessoas do interior. É
complicado o pessoal vir do interior, longe daqui, para Salvador", disse.
As
propostas de Fabíola, conjugadas com as de Milton, são vocacionadas à "união
em rede" de todos os deficientes, proporcionando acesso a informação,
educação, saúde, emprego e renda decentes, com a difícil missão de
acessibilizar o Brasil e a Bahia. "Essas causas não estão no centro do
orçamento, porque não têm quantitativo de representantes à altura. Mas nós
podemos ser poucos defendendo isso. Nós somos firmes e batalhadores, com a
ajuda de vocês, que são muitos", conclamou.
"Os
surdos precisam de um representante político na Câmara", afirmou José
Tadeu (à esquerda, ao lado de Milton e Fabíola), amigo do
postulante a deputado federal desde a infância
(Foto:
Hugo Gonçalves)
Tadeu e Milton: uma amizade duradoura
Licenciado
em Letras com habilitação em Libras pela Universidade Federal de Santa Catarina
(UFSC), o professor e servidor público da Secretaria da Fazenda da Bahia
(Sefaz), José Tadeu Raynal Rocha Filho, mantém uma cumplicidade duradoura e
recíproca com o Professor Milton. Como lideranças da comunidade surda no
estado, os dois contribuíram na fundação do Centro de Surdos da Bahia (Cesba),
há 35 anos, e de outras associações representativas.
Em
depoimento exclusivo, concedido logo após a roda de diálogos, o docente
manifestou apoio à candidatura de seu colega de profissão, filiado ao PSB.
"Desde menino que a gente tem contato, trabalhamos juntos, viajamos por
vários lugares do Brasil, estimulando os surdos em associações, e somos
professores. Aí, os surdos precisam de um representante político, no nosso
caso, na Câmara dos Deputados", avaliou Tadeu, que leciona em diversas
instituições de ensino superior.
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