Surdos dialogam com o Professor Milton em Feira
Candidato
socialista a deputado federal discutiu seus projetos em roda de conversas com representantes
da comunidade surda local
Segundo
Milton (à direita), o surdo pode se empoderar da sua identidade e ser representado em
cargos públicos
(Foto: Hugo Gonçalves)
Mais de cinquenta surdos de Feira de Santana compareceram
a uma roda de conversas com o professor universitário e candidato a deputado
federal pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), Milton Bezerra Filho, um dos
expoentes do segmento da pessoa com deficiência na Bahia, nesta sexta-feira
(8), na Associação de Surdos da cidade.
Durante o encontro, considerado satisfatório
e proveitoso, o Professor Milton apresentou para os membros da associação seus
projetos de campanha e um rápido percurso biográfico do docente, compreendido desde o nascimento
até sua vida atual, reiterando que o surdo pode ter o empoderamento da sua
identidade e também ser representado nos cargos públicos.
A reunião de diálogos com a comunidade surda
de Feira propiciou um ambiente colaborativo, onde seus membros puderam debater
o futuro, manifestando suas necessidades, seus ideais e suas pretensões, como a
possibilidade de estudar e trabalhar. Se for eleito, Milton poderá contribuir com
projetos e leis que ajudem os surdos a melhorar a qualidade da educação, assegurar
oportunidades de trabalho e tornar a cultura acessível.
Graças à discussão desses aspectos, inclusive
dos problemas que as pessoas com deficiência enfrentam na sociedade
contemporânea, os surdos feirenses declararam adesão total às proposições do socialista,
concedendo depoimentos e compartilhando mensagens de apoio ao candidato no
Facebook.
Quanto às propostas abordadas, ele mencionou a
implantação do passe livre único no transporte coletivo, da escola e da creche
bilíngues, da central de intérpretes de língua brasileira de sinais (Libras) em
todas as cidades do país e de políticas de acessibilidade em espaços culturais,
além da criação da Comissão Nacional de Defesa dos Direitos da Pessoa com
Deficiência.
Milton ainda acrescentou que foi um dos
fundadores do Centro de Surdos da Bahia (Cesba) – do qual foi presidente,
eleito por unanimidade para o quadriênio 1992-1995 –, e também do Centro de
Estudos Culturais Linguísticos Surdos (Ceclis). Segundo o candidato, o Ceclis,
presidido por ele, objetiva fomentar a cultura e a arte para a comunidade
surda.
Ele explicou por que escolheu o número 4026 para
se candidatar a deputado federal – não obteve êxito nas eleições para vereador
em Salvador, em 2008 e 2012. “O meu número é 40, porque é o 40 da legenda do
PSB. E 26 é porque o Dia Nacional do Surdo (comemorado
em 26 de setembro)”, disse, enfatizando que “nós somos surdos, então nosso número
tem que ser 26”.
O
professor Marcílio (à esquerda, ao lado de Carlos Alberto) disse que a comunidade surda é capaz de se
promover na sociedade
(Foto: Hugo Gonçalves)
Representatividade
O professor Marcílio de Carvalho Vasconcelos
está temporariamente afastado da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs),
onde ministra a disciplina de Libras no currículo de diversos cursos, incluindo
todas as licenciaturas, entre as quais Matemática, História, Geografia, Letras,
Pedagogia e Biologia.
Cursando mestrado na Universidade Federal da
Bahia (Ufba), Marcílio disse que a sua participação nos diálogos com Milton
traduz a importância de persuadir a comunidade surda que existe um
representante. “Nós, surdos, podemos avançar, promover o surdo na sociedade.
Para isso, precisa de uma grande divulgação para que o surdo vote no Professor
Milton”, sugeriu.
De acordo com o docente, ele declarou seu
apoio ao socialista justificando que sempre há uma dominação do mundo ouvinte
sobre o indivíduo surdo. Como consequência dessa subordinação evidente, faltam
representantes desse segmento para defendê-lo nos espaços de poder, com
destaque para as casas legislativas.
“Então, o que muitas pessoas pensam que o
surdo não é capaz, mas que a nossa comunicação é impedida porque muitas pessoas
não sabem Libras, e que Milton, como um representante e um líder, mostra isso
para a sociedade. Ele mostra que o surdo é capaz de estar em cargos também na
política”, finalizou Marcílio.
Surdo bilíngue, comunicando-se
simultaneamente por meio da Libras e da oralização, Carlos Alberto de Oliveira
trabalhou por doze anos na Empresa Baiana de Águas e Saneamento S. A. (Embasa),
onde era técnico administrativo. Atualmente está à procura de um novo emprego. A
princípio, a surdez de Carlos era unilateral, mas ele acabou perdendo integralmente
sua audição.
O funcionário público afastado contou que o
presidente da Associação de Surdos de Feira de Santana convocou seus membros
para apoiar o Professor Milton a fim de tirá-los da invisibilidade, explicando
que há candidatos surdos e representatividade política.
Portanto, valendo-se dessa afirmação, Carlos está
muito feliz em saber que existe uma pessoa com deficiência auditiva
representando seu segmento na esfera política. “Até hoje, não há surdos na
Bahia que representam os surdos dentro dos poderes políticos, de decisão, de
locais com poder decisório, que precisa”, notificou.
Comunidade
surda feirense aderiu totalmente às propostas do Professor Milton, um dos
expoentes da pessoa com deficiência no estado
(Foto: Hugo Gonçalves)
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