Bicicleta estimula mobilidade
Adotado
em diversas cidades do mundo, veículo de transporte não motorizado implica uma
alternativa sustentável e benéfica para os problemas ocasionados por automóveis
Veículo
de duas rodas oferece prazer e bem-estar à coletividade
(Foto: Divulgação)
Numa época em que o aquecimento global vem merecendo
destaque, sendo temática evidente no mundo contemporâneo, vários centros
urbanos estão preocupados com a poluição do ar imprescindível para a
sobrevivência da população. A emissão de gases poluentes na atmosfera se
atribui, sobretudo, ao acúmulo de veículos motorizados em vias públicas,
geralmente naquelas onde há enorme circulação.
Entre as soluções inteligentes para os crônicos
dilemas ocasionados pela expansão indisciplinada da frota de automóveis,
caminhões e motocicletas insere-se a adoção da bicicleta como método alternativo
de mobilidade. Uma resposta sustentável, eficaz, salutar, econômica, prática e
ágil que proporciona prazer e bem-estar, tanto aos ciclistas quanto à
coletividade.
A articulação da bicicleta com o metrô e os
corredores exclusivos para ônibus e veículo leve sobre trilhos (VLT) já se
manifesta em cidades e áreas metropolitanas localizadas em diversos países ao
redor do globo, em ações que impactaram substancialmente no planejamento da
paisagem urbana e também no modo de vida dos indivíduos que se usufruem dela.
Bicicletas públicas foram implementadas em inúmeras
cidades europeias, como Paris e Barcelona. Na Holanda, nação tradicionalmente
ciclística, crianças, adultos e idosos conduzem harmonicamente o veículo não
motorizado de duas rodas no dia a dia, em especial na capital, Amsterdã. Além
disso, as cidades de Copenhague, na Dinamarca, e Bogotá, na Colômbia, têm investido
na prioridade pelo uso da bicicleta.
Em Nova York, em maio de 2009, algumas ruas
da Broadway, região que até então possuía fluxo intenso de veículos, tiveram a
passagem de automóveis bloqueada, por decisão do então prefeito Michael
Bloomberg. Com a vigência dessa medida, o trânsito no local passou a ser
frequentado exclusivamente por pedestres e ciclistas.
“Assim, medidas de restrição ao automóvel
podem aumentar a segurança de pedestres e ciclistas e incentivar o transporte
não motorizado, juntamente com o investimento em transporte público de
qualidade para todos”, diz o livreto Mobilidade
urbana e inclusão social, publicado em 2009 pelo Movimento Nacional pelo
Direito ao Transporte Público de Qualidade para Todos (MDT) e pelo Fórum
Nacional de Reforma Urbana (FNRU).
Embora ocorram avanços quanto ao uso da bicicleta no Brasil, falta de infraestrutura ainda persiste
(Foto: Divulgação)
Crescimento significativo
No Brasil, o ato de se locomover usando a
bicicleta vem crescendo de maneira razoável, principalmente no Rio de
Janeiro, em Santos e Ubatuba, no litoral de São Paulo, em Sorocaba, no interior
do mesmo estado, e em Rio Branco, no Acre. Desde setembro do ano passado, a
prefeitura de Salvador está incentivando a população quanto à utilização da
bicicleta na capital baiana, por intermédio do Movimento Salvador Vai de Bike.
Mesmo com avanços visíveis, ainda persiste no
país uma exorbitante carência de infraestrutura ciclística adequada.
Observam-se, portanto, as faltas de ciclovias, de ciclofaixas e de integração
com modais de transporte coletivo (ônibus, trem, metrô, etc.), além da ausência
de incorporação da bicicleta no planejamento de trânsito, fazendo com que ela seja
vista como forma de deslocamento marginal, dificultando o tráfego de veículos
motorizados.
Outro fenômeno justificador desse problema perseverante são as políticas deficitárias de educação vocacionada para a segurança e o
respeito aos ciclistas, o que influencia diretamente nos acidentes de trânsito,
com o incremento dos índices de mortos e feridos.
Segundo a Associação Brasileira dos
Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo)
e a Associação Brasileira da Indústria, Comércio, Importação e Exportação de
Bicicletas, Peças e Acessórios (Abradibi), o Brasil detém atualmente uma frota
estimada em 60 milhões de bicicletas, contra 50 milhões de carros em
circulação.
Já os deslocamentos por bicicleta equivalem a
2,7% do total, levando em consideração cidades brasileiras com população
superior a 60 mil habitantes. Se forem analisados os centros
urbanos em sua plenitude, essa porcentagem aumenta para 6%, de acordo com dados coletados pela
Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP).
Além da implantação de ciclovias e ciclofaixas
– inclusive através da eliminação de estacionamentos nas vias públicas em áreas
centrais e em centros de bairros – e também de bicicletas públicas, faz-se
necessário promover a adequação do sistema viário existente, instalando
dispositivos de sinalização e iluminação, aliados a estacionamentos nos locais
de trabalho.
Conforme explica o livreto Mobilidade urbana e inclusão social, também
são aspectos de suma importância para o crescimento da locomoção por bicicleta “conscientizar
a população sobre a conveniência de seu uso, integrar a bicicleta com os demais
modos da mobilidade urbana, principalmente com o transporte público coletivo,
oferecendo agilidade, equipamentos e segurança para os ciclistas”.
País
tem atualmente uma frota calculada em 60 milhões de bicicletas
(Foto: Divulgação)
Algumas vantagens
- Proporciona melhores condições de saúde;
- Auxilia na diminuição do nível de estresse;
- Apresenta baixo custo na manutenção;
- Dispensa combustível, seguro, emplacamento e Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA);
- É um veículo que proporciona rapidez e praticidade;
- Não emite substâncias poluentes (monóxido de carbono, dióxido de carbono, etc.) nem ruído;
- Requer pouco espaço nas vias e nos estacionamentos;
- Apresenta baixa velocidade, pelo fato de o risco de acidentes causados por ciclistas ser reduzido;
- Seu investimento ajuda a reduzir o investimento em obras viárias de custo elevado, destinadas ao tráfego de veículos motorizados.
Fonte: MOVIMENTO NACIONAL PELO DIREITO AO
TRANSPORTE PÚBLICO DE QUALIDADE PARA TODOS; FÓRUM NACIONAL DE REFORMA URBANA. Mobilidade urbana e inclusão social.
Brasília, out. 2009 (adaptado).
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