Entrevista: Ludmila Cunha
Todos os trabalhos de diagramação
do jornal A Tarde passam pelo crivo dessa profissional de alma corajosa,
que supervisiona as páginas antes de imprimi-las
“Nosso projeto gráfico prioriza a
facilidade na leitura, para que o leitor possa se sentir atraído por aquela
informação e passe a ler.”
(Foto: Hugo Gonçalves)
Se
não houvesse diagramação num jornal impresso, por exemplo, não lhe geraria uma
boa estética, já que ela é o aspecto decisivo na distribuição, no ordenamento e
na otimização dos elementos gráficos constituintes de cada página. Um dos
exercícios potenciais do design gráfico, a diagramação, independentemente de
veículo, tem como diretriz fundamental o famoso projeto gráfico, obedecendo a
ele.
A fim de elucidar sobre o assunto aplicado à imprensa, inclusive a jornada
dos diagramadores nas redações, a supervisora de diagramação do jornal A Tarde, Ludmila Cunha, formada em
Design Gráfico pela Universidade Salvador (Unifacs), me concedeu esta
entrevista exclusiva na própria redação do periódico. Contendo em seu currículo
qualificações básicas de especialização em jornais, Ludmila é incumbida de
supervisionar uma equipe de diagramadores para verificar as páginas antes de
enviá-las à gráfica, onde são impressas nas rotativas.
Qual
é a sua rotina como supervisora de diagramação?
Ludmila Cunha – Bom. Na minha rotina, eu chego ao
jornal de manhã, participo de uma reunião de pauta, onde eu colho informações
tanto sobre o que vai acontecer durante o dia no jornal, o que tem de demanda
para infografia. E aí, durante o dia, eu vou colhendo esse material e vou
fazendo algumas páginas do jornal, como o caderno A Tardinha, como capas (das
edições) de domingo, projetos mais especiais, como o aniversário da cidade
de Salvador, o caderno de Irmã Dulce. As coisas vão acontecendo durante o ano,
e durante o dia eu supervisiono outras páginas de alguns cadernos que são da
nossa rotina, como o Caderno 2. Os
diagramadores desenham todo o caderno, e eu faço a supervisão para ver se está
tudo dentro do nosso projeto gráfico, se precisa melhorar alguma coisa. Senão,
tudo passa corretamente. Fora isso, envio as páginas para impressão. E que é
basicamente isso, que é a minha rotina.
Dentro
da sua editoria, existem algumas peculiaridades na forma de redigir as
matérias?
L. C. – Como eu trabalho no caderno A Tardinha, voltado para o público jovem
e infantil, essas matérias de A Tardinha
são redigidas pensando que uma criança vai ler. Então, a linguagem é bastante
diferente, não só na escrita como também na própria diagramação. A gente usa
fontes pouco maiores, com espaçamento um pouco maior, para que as crianças
tenham facilidade na leitura.
Você
só trabalha para A Tardinha?
L. C. – Não. Trabalho para o Caderno 2, para A Tardinha, para (o caderno)
Turismo, faço a capa de domingo. É
isso mesmo, a gente está fazendo a capa do próprio jornal, a prima de todos os
dias.
Aspecto geral da redação de A Tarde, no bairro do Caminho das Árvores, em Salvador
(Foto: Hugo Gonçalves)
Existem
particularidades, também no âmbito de sua editoria, no modo de abordar fontes e
de construir uma agenda?
L. C. – Na verdade, a minha editoria já pega
praticamente pronto. O que vem de material fotográfico e o que vem de material
dos textos já chegam pronto, e a gente só faz organizá-los. Então, a gente não
tem esse contato direto com essa organização.
Quais
são os desafios que você pode enfrentar em seu dia a dia no exercício de sua
profissão?
L. C. – São desde aquela foto que está sem
definição para sair na matéria. Então aquele conceito que não está bem formado,
ou até o próprio lidar com o dia a dia, com as pessoas que vêm para desenhar as
páginas. A gente passa por diversos contratempos.
De
que modo sua editoria utiliza recursos como infográficos, diagramação e
fotografias?
L. C. – A minha editoria é de diagramação, e
então a gente está sempre contando com o apoio da (editoria de) infografia para complementar algumas informações das
matérias. Às vezes, quando o próprio editor da editoria para qual a gente está
trabalhando, ele não consegue enxergar que ali precisa de uma infografia, e a
gente corre atrás para que isso aconteça, para facilitar mais a leitura. Em
relação à fotografia, ela é uma parceira ideal para os textos, então a gente
está sempre procurando trabalhar a maioria dos textos na diagramação junto com
a fotografia.
Quais
são os parâmetros e metodologias empregados na diagramação de um jornal?
L. C. – A diagramação do jornal A Tarde segue um projeto gráfico. Nosso
projeto gráfico prioriza a facilidade na leitura, para que o leitor possa se
sentir atraído por aquela informação e passe a ler. Então a gente se utiliza de
entradas, que destaquem trechos da matéria, para que isso facilite com que o
leitor sinta interesse por ler e complemente a informação lendo a matéria por
completo. A parceria do texto com a foto é também outro recurso que a gente
utiliza muito, ele chama mais atenção para a matéria. Então a gente procura
estar integrando uma linguagem visual maior, para que a matéria cumpra essa
função de ser lida.
Como
está a atual situação do mercado de trabalho no ramo da diagramação, dentro da
imprensa?
L. C. – Eu acho que hoje em dia poucas
pessoas fazem Design Gráfico pensando em ser diagramadores. Então acredito que
muitas pessoas não têm essa especialização ainda, mas a gente vai se formando,
com o passar do tempo, aqui dentro no próprio jornal.
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