Comerciante e operário surdos apoiam Professor Milton
Vendedor
de frango assado e produtos de mercearia e operador de linha de montagem automotiva acreditam nas propostas
concretas do candidato socialista a deputado federal, com ênfase para a educação
e o esporte para os deficientes auditivos
Milton, Josué Figueira e Joás Menezes (da esquerda para a direita) fazem o gesto do “L”, alusão à candidata do
PSB ao governo baiano, senadora Lídice da Mata
(Foto: Hugo Gonçalves)
Josué Figueira de Andrade trabalha num pequeno
estabelecimento no bairro da Boca do Rio, onde atua no comércio de frango
assado e produtos de mercearia, como gêneros alimentícios e bebidas. Quando Josué
iniciou sua atividade profissional, foi uma etapa difícil em sua vida, porque o
mundo ouvinte não dá trabalho para os surdos.
Foi aí que o único surdo e o mais velho entre
os cinco filhos tentou ser admitido numa empresa, mas encontrou muitas barreiras
para poder obter sua carteira de trabalho. Depois que Josué começou a vender
frango assado, há cinco anos, ele percebeu que é possível desenvolver essa
tarefa. Hoje, o comerciante continua tendo orgulho de sua profissão.
Como surdo cidadão e consciente, Josué apoia a
candidatura do Professor Milton Bezerra Filho (PSB) para deputado federal
porque acredita que ele vai defender a educação, além de ajudar as pessoas
surdas com um projeto de lei para a educação, o esporte e o lazer. “Eu apoio (o Professor Milton) porque é importante
a educação, porque ele luta para que o surdo tenha a carteira do Detran (de motorista)”, afirma.
De acordo com o comerciante, muitos surdos
que vivem no interior não têm noções de língua brasileira de sinais (Libras)
nem acesso à educação. Ele ainda ressaltou que a maioria dos deficientes
auditivos não sabe escrever palavras em língua portuguesa, inclusive seus
próprios nomes. Então, Josué confia no Professor Milton e pensa que o candidato,
se for eleito, vai elaborar projetos para auxiliar na difusão da Libras.
Para
Josué (expondo o panfleto do candidato a deputado estadual
pelo PSB, Rodrigo Hita), a maioria dos
surdos do interior não sabe se comunicar em Libras nem tem acesso à educação
(Foto: Hugo Gonçalves)
Surdos precisam ser qualificados
Outro membro da comunidade surda também já
declarou apoio às propostas de Milton. Joás Pinheiro Menezes atua há seis anos
como operador de linha de montagem da fábrica de automóveis Ford, em Camaçari,
na Região Metropolitana de Salvador, e tem absoluta convicção de que o
socialista vai dar suporte aos projetos dos surdos, como a luta pela educação.
Ele disse que, com o respaldo do Professor
Milton, que é um exemplo de luta, a categoria precisa ser qualificada. “Precisamos
de uma execução da educação de qualidade. Falta implantar muitas escolas
bilíngues no estado da Bahia. Ele vai ajudar nisso”, frisa.
A comunidade surda ainda carece de prática
esportiva e, segundo Joás, o esporte é um aspecto de fundamental importância e deve
ser iniciado no ensino primário, contribuindo para que o surdo se desenvolva não
apenas na educação, mas no seu desenvolvimento de modo geral.
Joás explica que o esporte ajuda a tirar os
surdos da invisibilidade e a se socializar, o que implica a sua educação. “Nós,
surdos, não temos direito de participar das Paraolimpíadas, porque o surdo não
pode competir com o cego nem com o cadeirante. O surdo precisa fortalecer suas
associações esportivas, e o Professor Milton vai ajudar a fortalecer o esporte
para surdos.”
Proposta ousada e inovadora de Milton como
candidato, o passe livre único, também defendido pelo operador de linha de
montagem, consiste na unificação dos passes em âmbitos municipal, estadual e
federal no transporte coletivo.
“Eu concordo e apoio essa proposta do passe
livre unificado que vale no Brasil todo, porque (atualmente) a pessoa tem todo um trabalho de ir, tira passe livre municipal,
tem que emitir laudo e parecer médico, passe livre intermunicipal, aí depois o
federal manda para Brasília”, pondera Joás.
O passe livre único, na opinião dele, é uma
proposta muito inteligente do Professor Milton, que irá ajudar as pessoas com
deficiência (surdos, cegos e cadeirantes). “Se tiver um passe livre com
validade para todas as instâncias, é um grande ganho para o segmento da pessoa
com deficiência. (Isso) É muito
melhor”, conclui.
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