Escola de trânsito lança curso de língua de sinais
Inaugurada
anteontem com uma aula especial ministrada pela psicóloga Márcia Araújo, ação capacita
médicos e psicólogos para melhor atender às exigências dos surdos
Segundo
Márcia (à esquerda), curso
de Libras oferece à comunidade surda uma base mínima de comunicação
(Foto: Hugo Gonçalves)
Um novo ciclo do projeto de inclusão dos
deficientes auditivos à primeira habilitação se instaurou na Escola Pública de
Trânsito (EPTran), que funciona na sede do Departamento Estadual de Trânsito da
Bahia (Detran-BA), no Iguatemi. Foi inaugurado, na noite desta quarta-feira
(27), o curso de língua brasileira de sinais (Libras), com uma aula especial ministrada
pela psicóloga e professora Márcia Araújo.
Integrante do Projeto Interinstitucional CNH
Acessível, coordenado pela EPTran e que tem como colaboradores o Centro de
Estudos Culturais Linguísticos Surdos (Ceclis) e as clínicas conveniadas ao
Detran, o curso é dirigido aos médicos e psicólogos. Os objetivos, segundo
Márcia, são capacitar os profissionais dessas categorias para melhor atender às
necessidades da comunidade surda, e oferecê-la uma base mínima de comunicação em
sintonia com a realidade que a cerca.
Antes de a aula ser iniciada, a diretora da
escola, Ana Cristina Regueira, proferiu uma breve palestra introdutória com uma
abordagem geral da iniciativa, da qual foi idealizadora. Tendo como finalidade
precípua oportunizar aos surdos o acesso à primeira habilitação, o programa de inserção
social faturou o terceiro lugar no Prêmio de Boas Práticas de 2012.
Pedagoga de formação, Ana tem uma
extraordinária vocação na área de trânsito. Ela, que já foi professora de
deficientes visuais, ainda argumentou que existem problemas nítidos no tráfego,
como a falta de educação por parte do motorista. “O surdo está precisando de
muita informação”, alertou.
Metodologia
é fundamentada nos conteúdos desenvolvidos com apoio de intérprete
(Foto: Hugo Gonçalves)
Teoria e prática
Para a diretora da EPTran, o cronograma do
projeto que visa inserir socialmente os surdos para obter a Carteira Nacional
de Habilitação (CNH) contempla as aulas teóricas, ministradas com carga horária
de 45 horas, e as práticas, com carga horária de 20 horas. Na parte teórica, o
conteúdo programático engloba cinco disciplinas: Direção Defensiva, Legislação,
Mecânica Básica, Meio Ambiente e Cidadania e Noções de Primeiros Socorros.
Sua metodologia pedagógica fundamenta-se nos
conteúdos desenvolvidos com o suporte de uma intérprete de Libras. Ana Regueira explicou
que as inscrições para o curso podem ser efetuadas através do site www.escolapublica.detran.ba.gov.br,
nas quais 5% das vagas são reservadas para portadores de deficiência auditiva. “A
seleção depende dos critérios estabelecidos pela escola, como por exemplo, o
perfil do candidato”, ponderou.
Empoderamento
Conforme Márcia Araújo, também coordenadora
do Núcleo de Saúde do Surdo do Ceclis, existe atualmente uma legislação que
exige o direito da categoria à educação. “A comunidade já está empoderando
pelos seus direitos. Hoje, a gente tem mestres surdos”, observou. A psicóloga
disse ainda que, em breve, será disponibilizada na internet, em formato PDF, a
íntegra do texto da Convenção sobre os Direitos Humanos das Pessoas com
Deficiência.
Durante as aulas, alunos aprendem a interagir com a linguagem por meio de apostila
(Foto: Reprodução/Hugo Gonçalves)
Nos instantes que precederam o início do
curso de Libras propriamente dito, a docente permitiu que os 17 alunos comentassem
livremente a respeito da linguagem de sinais – não universal, pois em cada país
é adotado um método comunicativo diferenciado – e de seus aspectos, além dos
benefícios que a ferramenta proporciona, como a acessibilidade.
Os médicos e psicólogos aprenderam, já na sessão
inaugural, a interagir com a linguagem, com o auxílio de uma apostila,
distribuída na ocasião para cada inscrito. De acordo com Márcia, o programa tem
como características, quanto ao aspecto objetivo, a conversação mínima pelo uso
do alfabeto de sinais e, do ponto de vista subjetivo, questões pertinentes à
realidade surda.
Uma das alunas presentes no curso de Libras,
a oftalmologista e perita de tráfego Arlete Côrtes, considerou a aula muito
interessante, possuindo riqueza de conhecimentos. “É uma novidade, assim,
maravilhosa. Estou entusiasmada”, opinou.
Confira o vídeo institucional do projeto de inclusão dos deficientes auditivos ao acesso à primeira habilitação, elaborado para o Prêmio de Boas Práticas 2012, no qual foi o terceiro colocado:
Comentários
A matéria está perfeita!
Poxa tenho orgulho de ser sua amiga.
Bj
Com muuuuuuuuito carinho
Marcia