Governo da Bahia lança nova Central de Libras Digital
Plataforma remota de atendimento à comunidade surda no âmbito do poder público estadual foi apresentada em uma live especial
Com informações da assessoria de comunicação da Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social do Estado da Bahia (SJDHDS)
Matéria atualizada em 8 de maio de 2022, Dia das Mães, às 13h23
%20(2).jpg)
Antes presenciais, os serviços públicos de intermediação de Língua Brasileira de Sinais (Libras) prestados à comunidade surda do estado da Bahia passam, agora, a ser ofertados mediante o uso de uma plataforma virtual. Graças a essa mudança de formato, a Secretaria de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS) implantou a Central de Intérpretes de Libras da Bahia Digital (Cilba Digital), lançada durante uma live nesta quarta-feira (4), com a participação de autoridades, especialistas e de duas intérpretes da língua de sinais.
O evento online, transmitido pelo canal da SJDHDS no YouTube, também fez alusão aos 11 anos de fundação da Superintendência dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Sudef), à qual a Cilba é uma unidade vinculada. Para o superintendente da Sudef, Alexandre Baroni, todos os atendimentos da Cilba Digital – cujo intuito é promover a modernização do serviço, concedendo maiores eficiência e alcance no atendimento às pessoas com deficiência (PcD) – serão realizados em formato remoto, viabilizando a sua expansão por todo o território baiano.
“Queremos, obviamente, com isso, não só expandi-los, mas também fazer sempre uma proposta – e uma perspectiva – de que nossos serviços sejam mais digitais para que possamos, então, avançar. A ideia é que seja de fato a Central, que, ao fim e ao cabo – ou seja, no final do processo de implantação –, possamos ter aí aquilo que desejamos, que é as pessoas surdas podendo ter sua comunicação garantida e os seus direitos também garantidos”, discursou.
O titular da Sudef ponderou que, a princípio e por uma questão de demanda e apreciação, a Secretaria de Justiça escolheu apenas três dos seus serviços para que a nova unidade digital de interpretação de Libras seja implementada. Tratam-se do Passe Livre Intermunicipal para Pessoas com Deficiência, da Superintendência de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-BA) e do programa Corra pro Abraço, iniciativa que tem por objetivo promover ações cidadãs e garantir direitos para a população socialmente vulnerável em decorrência da criminalização das drogas.
“A gente teve essa opção nesse primeiro momento, sabendo que há muitos outros serviços necessários e importantes, e que iremos incluí-los, no decorrer das condições e da implantação dos serviços da Central”, disse Baroni, acrescentando que, nesta primeira fase, várias unidades da Cilba Digital serão disponibilizadas em locais selecionados da cidade de Salvador, cujos atendimentos vão se manifestar inicialmente na modalidade presencial.
Locais de atendimento
Para que os surdos obtenham acesso aos serviços do Passe Livre, será instalado um posto no Centro Administrativo da Bahia (CAB). Os atendimentos do Procon-BA ocorrerão na sede do órgão, no Centro da capital, e nas unidades do Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC) na Barra, Liberdade e Salvador Shopping. Já os serviços digitais do Corra pro Abraço funcionarão na sede do programa, no bairro de Nazaré, além das Unidades de Apoio na Rua (UAR) na Ladeira da Fonte das Pedras e no Largo dos Mares, das Varas de Audiência de Custódia (VAC) e do Corra Juventude em Fazenda Coutos, Plataforma, Beiru/Tancredo Neves e Boqueirão.
“E, quando passarmos para a Fase 2, já vamos incluir novos serviços e também a possibilidade de que as pessoas sejam atendidas, não mais só de forma presencial, mas também de forma online, que é o que desejamos no final deste processo. Nós tínhamos, até o ano passado, uma Central que tinha intérpretes presencialmente na Secretaria de Justiça. Esses intérpretes só podiam atender um serviço. Hoje, a Central online pode atender variados serviços, inclusive de forma simultânea, um conjunto de intérpretes à disposição do serviço”, explicou Baroni.
Em seguida, o secretário de Justiça, Direitos Humanos e Desenvolvimento Social, Carlos Martins, apresentou a Cilba Digital como uma ação inovadora, “algo absolutamente à frente do nosso tempo”. “É evidentemente que toda a comunidade surda do estado da Bahia tenha, agora, uma política pública com maior acessibilidade. Esse, inclusive, é o nosso maior desafio, fazer com que tenhamos maior acessibilidade com inclusão digital para as pessoas com deficiência. Esse é um avanço fundamental”, enfatizou.
Ainda de acordo com Martins, a nova Central de Libras Digital irá promover uma “revolução” nas políticas públicas do estado. “Parabéns a todos os que vão, agora, poder utilizar esse serviço, e vamos aprofundar cada vez mais. Vamos elevar cada vez mais a necessidade, não estamos fazendo favor a ninguém. Isso é garantia de direitos para as pessoas com deficiência, para que elas possam ter políticas públicas, tenham sociabilidade e acessibilidade, e sejam respeitadas como seres humanos”, frisou o secretário.
.jpg)
Palestra temática
Por último, a live de lançamento da Cilba Digital trouxe como convidada a pedagoga e professora da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Shirley Vilhalva, que ministrou uma palestra com o tema “Libras e a Cultura Surda”. Na oportunidade, a docente – também mestre em Linguística e doutoranda em Linguística Aplicada – explicou a importância de a sociedade conhecer e compreender os aspectos culturais da comunidade surda, bem como discorreu acerca da expansão da Língua Brasileira de Sinais nos múltiplos segmentos.
“Cada pessoa no mundo tem a sua cultura. Agora, focando na cultura do surdo, primeiramente, nós temos uma Convenção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, um documento que nos baseia enquanto PcD de um modo geral. Mas esse documento é importante, porque ele traz uma base da identidade e da cultura surdas de um modo específico, e também mostra como incluir a língua de sinais e a cultura surda. Antigamente, não se tinha uma base documentada de modo oficial. Nós precisamos entender de modo claro para fazer uma escolha correta no momento certo. Isso é muito importante dentro das Centrais de Intérpretes”, disse.
Shirley afirmou ainda sobre a necessidade de a sociedade em geral se centrar na cultura surda, além de pensar nessa temática enquanto instrumento de inclusão. “Nós temos que fazer uma equidade, para que essas informações cheguem ao surdo da mesma forma que elas chegaram ao ouvinte, respeitando cada cultura. Os dois grupos são importantes, eu sou surda, e eu preciso compreender a cultura do ouvinte também. E o ouvinte precisa entender a cultura do surdo. Os dois caminham juntos”, sinalizou a docente da UFMS.
Como os recursos tecnológicos digitais existem atualmente para auxiliar as vidas das pessoas – inclusive as da comunidade surda –, a palestrante explicou que é possível, junto com um (a) intérprete, apertar somente um botão para iniciar o atendimento na Central de Libras e chamar o profissional para realizá-lo. Ao mesmo tempo, o (a) usuário (a) do serviço consegue acompanhar as informações geradas através de legendas.
“Então, a tecnologia está aqui para nos apoiar. E nós temos que pensar em estratégias e propostas dentro da Convenção Universal, para, no trabalho, na sociedade, na justiça social e em várias vertentes, colocar a vertente e o modo linguístico. Nós temos que ter a empatia. Não é só a empatia do intérprete, mas espalhar essas informações para que o intérprete ajude a abrir esse caminho de comunicação entre os dois mundos, e que possamos trabalhar em parceria”, argumentou Shirley Vilhalva.
Assista, a seguir, à íntegra da live de lançamento da Cilba Digital, transmitida originalmente nesta quarta-feira (4), no canal da SJDHDS no YouTube.
Comentários