Caracterização fisiográfica do município de Camaçari
Artigo escrito originalmente em novembro de 2015, e inédito neste blog
Vista
aérea parcial da zona urbana de Camaçari, na Região Metropolitana
de Salvador
Arquivo – 10/08/2005
1.
Relevo
O
relevo de Camaçari, situado entre as latitudes 12º 27’ 05” e
12º 52’ 30” e as longitudes 38º 28’ 52”, possuindo altitude
de 50 m acima do nível do mar, se constitui por planícies marinhas
e fluvio-marinhas, aliadas aos tabuleiros pré-litorâneos e do
Recôncavo (CAMAÇARI, 2011).
Entretanto,
de acordo com Pedro Pereira Fonseca (2004), sob um aspecto
geomorfológico, o município apresenta representantes de paisagens
físicas, organizados nas três espécies de modelados de relevo ali
existentes.
O
modelado de aplainamento, também conhecido como Pediplanos, é o
mais abrangente, estendendo-se por grande parte da área central,
além de uma porção da área onde a empresa de proteção ambiental
Cetrel está localizada (FONSECA, 2004, p. 17).
Já
o segundo modelado, o de acumulação, na avaliação do pesquisador,
se caracteriza pelas Áreas Úmidas dos vales fluviais, abertos e de
fundo chato, ramificando-se por quase toda a área. Por fim, o
modelado de dissecação, equivalente ao Relevo Ondulado,
apresenta-se com formas variadas (Idem, p. 17).
Os
exemplares dos modelados mais elevados encontram-se na porção
norte, situada a leste e a oeste do vizinho município de Dias
d’Ávila, “sob a forma de morrotes isolados com topos e vertentes
convexas, morrotes com topos aguçados e também alguns
aproximadamente tabulares” (Idem, p. 17).
Contudo,
de acordo com o próprio pesquisador, os mais suaves consistem em
morrotes de topo abaulado, que incluem vertentes convexadas,
encontrados principalmente na zona que faz a ligação entre a Cetrel
e o Polo Petroquímico de Camaçari, bem como em parte da área de
entorno da referida empresa (Idem, p. 17).
2.
Solo
Dados
coletados em 1994 pelo Governo do Estado da Bahia, e incluídos por
Souza (2006) em sua dissertação de mestrado, informam que Camaçari
apresenta três tipos de solo, a saber: podzol hidromórfico,
podzólico vermelho-amarelo álico, areias quartzosas marinhas e glei
pouco húmico distrófico.
No
município, as elevações e áreas onduladas mais elevadas se
constituem por solos residuais de siltes arenosos e argilosos,
intercalados, de coloração rosada e branca e capacidade variada.
Através do transporte desses solos por águas pluviais, foram
desenvolvidos depósitos superficiais de solos transportados, a
exemplo da areia fina, pouco compacta, branca ou cinza, na parte
inferior dos morros, e dos depósitos de argila siltosa, mole e
turfosa, ao longo dos riachos (SOUZA, 2006, p. 69).
Além
disso, na faixa litorânea camaçariense, encontram-se solos
sílico-argilosos ácidos. Caracterizados por baixa fertilidade
natural e excessiva porosidade e permeabilidade, são bem drenados e
susceptíveis à erosão. Também ao longo do litoral, há os solos
salinos costeiros, que se manifestam em extensas faixas inundadas
periodicamente pela água do mar, apresentando coloração
acinzentada, textura siltosa e fertilidade natural extremamente
baixa, não podendo ser aplicada para utilização na agricultura
(Idem, p. 69).
As
zonas alagadas do interior e do litoral de Camaçari, conforme Souza
(2006, p. 69), são marcadas pela presença de solos de diversos
tipos: hidromorfos – formados por meio da acumulação de materiais
transportados consolidados, originários de detritos, e granulometria
heterogênea –, argilosos, argilo-arenosos e arenoargilosos,
possuindo fertilidade variável.
No
médio e baixo cursos do Rio Jacuípe e na área compreendida entre o
distrito de Vila de Abrantes, no litoral, e o povoado de Parafuso,
bem como no baixo curso do Rio Joanes, em sua margem esquerda, são
encontrados solos podzólicos de tonalidade vermelho-amarela variável
e latossolos amarelos, rasos, ácidos, bem drenados e de fertilidade
média, sendo apropriadas para uso agropecuário (Idem, p. 69).
Por
último, na zona de tabuleiro, considerada pelo pesquisador “a mais
extensa e representativa do município” (2006, p. 69), os solos ali
presentes se originaram, sobretudo, das Formações Marizal, São
Sebastião e Barreiras. De caráter profundo, ácido e geralmente bem
drenado, com argilas de atividade baixa, esses tipos de solos
manifestam-se na área mais plana e não são utilizáveis para a
agricultura em decorrência da baixa fertilidade natural (Idem, p.
69).
3.
Clima
De
acordo com a classificação proposta pelo climatologista russo
Wladimir Köppen (1846-1940), o clima de Camaçari é tropical quente
e úmido, apresentando temperatura média de 25,4 ºC e chuvas mais
concentradas entre os meses de abril e junho (FONSECA, 2004, p. 17).
Quanto
aos índices pluviométricos, obtidos por Fonseca (2004, p. 17) na
Estação Climatológica da Superintendência de Desenvolvimento
Industrial e Comercial (Sudic), foram apresentadas médias mensais de
250 mm e valores acumulados de 1.823 mm/ano. Segundo essas
informações, o pesquisador concluiu que o ano de 1999 foi o mais
chuvoso na região, alcançando elevados 2.464 mm (Idem, p. 17).
Principal
rio do município, o Rio Pojuca corresponde ao seu limite norte
Edvaldo Borges – 17/02/2011
4.
Recursos hídricos
Souza
(2006) explica que o município de Camaçari, por estar inserido nas
bacias hidrográficas da Região Metropolitana de Salvador (RMS),
demonstra um expressivo potencial de águas superficiais,
representado pelas bacias dos rios Joanes, Jacuípe e Pojuca.
Limite sul do território camaçariense, o Rio Joanes possui 60 km de extensão, e sua bacia abrange uma área equivalente a 594 km2, da qual cerca de 80% é coberta por arenitos oriundos da Formação São Sebastião. Sobre o seu leito se encontram duas barragens, a Joanes I, construída em 1967, e a Joanes II, em 1971. A vazão média do rio corresponde a 11 m3/s e a vazão regularizada, a 6 m3/s. (SOUZA, 2006, p. 72).
Entre os afluentes da margem esquerda da bacia do Rio Joanes está o Rio Camaçari. Com 12 km de extensão, sendo que mais de sua metade percorre a malha urbana da sede municipal, o Rio Camaçari nasce no anel florestal do Polo Petroquímico e deságua no Rio Joanes (CAMAÇARI, 2011).
Tendo sua nascente localizada no município de Conceição do Jacuípe, o Rio Jacuípe deságua no Oceano Atlântico. Sua bacia de drenagem possui uma extensão estimada em 85 km e sua bacia, 784 km2, com vazão média de 15 m3/s e vazão regularizada de 4,6 m3/s.
Dentro do território de Camaçari, o rio é represado para captação de água na barragem de Santa Helena. Integram essa bacia os rios Capivara Grande e Capivara Pequena. Cerca de 90% da área da bacia do Rio Jacuípe é coberta por arenitos da Formação São Sebastião. (SOUZA, 2006, p. 72)
O rio Capivara Grande, um dos afluentes da Bacia do Jacuípe, com 43 km de extensão, nasce nas intermediações da Estrada da Biribeira, no limite do complexo petroquímico, tendo sua foz no Rio Jacuípe. “Ele percorre a zona rural próxima à Sede e parte do distrito de Abrantes, seguindo paralelo ao cordão de dunas entre Arembepe e Barra de Jacuípe” (CAMAÇARI, 2011).
O Rio Pojuca, principal rio de Camaçari, corresponde ao limite norte do município. Sua bacia abrange uma área de 5.000 km2, dos quais 60% encontram-se na área do Recôncavo. A sua vazão foi calculada em 30 m3/s e a vazão regularizada, em 19,7 m3/s. As vazões totais dos rios Joanes, Jacuípe e Pojuca, respectivamente consideradas iguais a 6 m3/s, 4,6 m3/s e 19,7 m3/s, equivalem a 30,3 m3/s, valor representativo da disponibilidade hídrica da superfície, de interesse direto à caracterização física do município de Camaçari (SOUZA, 2006, p. 72).
Conforme estudos e pesquisas realizados pela Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras), mencionados por Souza (2006), existem, no município, aquíferos com água doce até a base do membro superior da Formação São Sebastião, representando uma espessura variável entre 800 e 1.500 metros.
Referências
CAMAÇARI. Secretaria Municipal de Desenvolvimento de Turismo. Geografia. Disponível em: http://turismo.camacari.ba.gov.br/2011/geografia.php. Acesso em: 10 nov. 2015.
FONSECA, Pedro Pereira. Mapeamento geológico e zoneamento geoambiental da região do Polo Industrial de Camaçari, através do uso de ortofotos digitais. 2004. Monografia (Graduação em Geologia) – Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia, Salvador, mai. 2004.
SOUZA, José Gileá de. Camaçari, as duas faces da moeda: crescimento econômico x desenvolvimento social. 2006. Dissertação (Mestrado em Análise Regional) – Departamento de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Salvador, Salvador, jun. 2006.
Limite sul do território camaçariense, o Rio Joanes possui 60 km de extensão, e sua bacia abrange uma área equivalente a 594 km2, da qual cerca de 80% é coberta por arenitos oriundos da Formação São Sebastião. Sobre o seu leito se encontram duas barragens, a Joanes I, construída em 1967, e a Joanes II, em 1971. A vazão média do rio corresponde a 11 m3/s e a vazão regularizada, a 6 m3/s. (SOUZA, 2006, p. 72).
Entre os afluentes da margem esquerda da bacia do Rio Joanes está o Rio Camaçari. Com 12 km de extensão, sendo que mais de sua metade percorre a malha urbana da sede municipal, o Rio Camaçari nasce no anel florestal do Polo Petroquímico e deságua no Rio Joanes (CAMAÇARI, 2011).
Tendo sua nascente localizada no município de Conceição do Jacuípe, o Rio Jacuípe deságua no Oceano Atlântico. Sua bacia de drenagem possui uma extensão estimada em 85 km e sua bacia, 784 km2, com vazão média de 15 m3/s e vazão regularizada de 4,6 m3/s.
Dentro do território de Camaçari, o rio é represado para captação de água na barragem de Santa Helena. Integram essa bacia os rios Capivara Grande e Capivara Pequena. Cerca de 90% da área da bacia do Rio Jacuípe é coberta por arenitos da Formação São Sebastião. (SOUZA, 2006, p. 72)
O rio Capivara Grande, um dos afluentes da Bacia do Jacuípe, com 43 km de extensão, nasce nas intermediações da Estrada da Biribeira, no limite do complexo petroquímico, tendo sua foz no Rio Jacuípe. “Ele percorre a zona rural próxima à Sede e parte do distrito de Abrantes, seguindo paralelo ao cordão de dunas entre Arembepe e Barra de Jacuípe” (CAMAÇARI, 2011).
O Rio Pojuca, principal rio de Camaçari, corresponde ao limite norte do município. Sua bacia abrange uma área de 5.000 km2, dos quais 60% encontram-se na área do Recôncavo. A sua vazão foi calculada em 30 m3/s e a vazão regularizada, em 19,7 m3/s. As vazões totais dos rios Joanes, Jacuípe e Pojuca, respectivamente consideradas iguais a 6 m3/s, 4,6 m3/s e 19,7 m3/s, equivalem a 30,3 m3/s, valor representativo da disponibilidade hídrica da superfície, de interesse direto à caracterização física do município de Camaçari (SOUZA, 2006, p. 72).
Conforme estudos e pesquisas realizados pela Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras), mencionados por Souza (2006), existem, no município, aquíferos com água doce até a base do membro superior da Formação São Sebastião, representando uma espessura variável entre 800 e 1.500 metros.
Referências
CAMAÇARI. Secretaria Municipal de Desenvolvimento de Turismo. Geografia. Disponível em: http://turismo.camacari.ba.gov.br/2011/geografia.php. Acesso em: 10 nov. 2015.
FONSECA, Pedro Pereira. Mapeamento geológico e zoneamento geoambiental da região do Polo Industrial de Camaçari, através do uso de ortofotos digitais. 2004. Monografia (Graduação em Geologia) – Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia, Salvador, mai. 2004.
SOUZA, José Gileá de. Camaçari, as duas faces da moeda: crescimento econômico x desenvolvimento social. 2006. Dissertação (Mestrado em Análise Regional) – Departamento de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Salvador, Salvador, jun. 2006.
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