Socialistas baianos oficializam apoio a Rui
Em solenidade na Governadoria, PSB
estadual sacramentou o ingresso na base do governador após ter
declarado apoio à reeleição da presidente Dilma no segundo turno
Segundo Lídice, projeto liderado pelo governador tem identidade com programa socialista
(Foto: Hugo Gonçalves)
Na presença de deputados, vereadores,
prefeitos, secretários, militantes, sindicalistas e populares, o
Partido Socialista Brasileiro (PSB) oficializou seu ingresso na base
aliada do governador Rui Costa, do Partido dos Trabalhadores (PT). A
solenidade que marcou a entrada da legenda foi realizada na manhã
desta segunda-feira (26), no Salão de Atos da Governadoria, no
Centro Administrativo da Bahia (Cab), em Salvador.
A reconciliação dos socialistas com a
gestão estadual teve início após o partido ter declarado apoio na
campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff (PT), no segundo
turno em outubro passado. “Nos reencontramos num projeto político
que o governador lidera na Bahia, e que tem muita identidade com o
programa político que nós defendemos na campanha”, justificou a
presidente do PSB baiano, senadora Lídice da Mata.
Em discurso, Lídice lembrou que Rui,
graças ao itinerário como competente sindicalista do Polo
Petroquímico de Camaçari, se transformou em vereador da capital. A
partir daí, ela pôde testemunhar a brilhante trajetória do petista
na Câmara Municipal, onde atuou corajosamente na Comissão de
Orçamento e Fiscalização, fato que o capacitou a se tornar
politicamente reconhecido no estado, sendo, mais tarde, eleito chefe
do Executivo em primeiro turno.
“Quero saudá-lo, parabenizando-o por
essa grande vitória política de continuidade de um projeto político
que ele integrou desde o início, mas também uma vitória pessoal do
seu crescimento político e na campanha, da sua competência como
candidato, da sua desenvoltura na defesa dos interesses da Bahia e do
governo e, finalmente, da sua extraordinária vitória como
governador. E desejar a Rui que essa vitória permaneça nesses
próximos anos de governo, vencendo a cada dia um novo desafio”,
agradeceu.
Lídice reiterou, na cerimônia de adesão,
o argumento do secretário de Relações Institucionais, Josias
Gomes, que o reencontro entre socialistas e petistas não se trata da
incorporação do PSB à gestão de Rui Costa, uma vez que o partido
preserva uma convivência de longa data com o PT e as demais legendas
da base do governo.
“A nossa história, especialmente com o
PT, é uma história que vem da nossa luta contra a ditadura militar,
pela democratização da sociedade brasileira, para eleger numa
eleição, também à época difícil e surpreendente, de Jaques
Wagner (em 2006),
onde o PSB, desde o início, incorporou”, recordou a senadora,
citando que, antes de o PT sacramentar em sua convenção o nome de
Wagner, na época um candidato possível ao Palácio de Ondina, o PSB
já tinha decidido apoiá-lo.
Nova política de estado
Durante o segundo mandato de Jaques Wagner,
atualmente ministro da Defesa, a participação do PSB, de acordo com
Lídice, consistiu no esforço de pensar e contribuir para a
elaboração de uma nova política de estado vocacionada para o
turismo. Tal política resultou na estratégia que o ex-secretário
da área, Domingos Leonelli, hoje membro da Executiva Estadual do
partido, designou de “terceiro salto do turismo”.
Nessa perspectiva, produtos inéditos como
a etapa baiana da competição automobilística Stock Car Brasil e o
São João da Bahia foram lançados, além de projetos do quilate do
Programa de Desenvolvimento do Turismo (Prodetur), visando à
requalificação turística de todo o estado, inclusive da região da
Baía de Todos-os-Santos.
Os resultados significativos na educação,
saúde e segurança, já iniciados no governo Wagner, ainda foram
mencionados pela presidente estadual do PSB. “O desafio para o país
inteiro, mas em especial para nós, de termos uma política de
segurança cidadã, expressa no (programa)
Pacto pela Vida, iniciado no governo de Eduardo Campos (1965-2014)
em Pernambuco, mas aqui também desenvolvido, que possa significar
uma nova experiência de uma nova política de segurança para o
estado da Bahia, incorporando a ideia de segurança à cidadania”,
pontuou Lídice.
“Que pense o desenvolvimento da Bahia,
fazendo com que todas as suas regiões se integrem a um
desenvolvimento econômico e social, especialmente voltando as nossas
ações para o desenvolvimento e as novas tecnologias de
desenvolvimento do semiárido, que significa praticamente 70% do
nosso território, garantindo abastecimento humano para a produção
e inclusão social”, salientou.
“Nós tivemos toda essa trajetória
juntos, muitas vezes com discordância e posições políticas
diferentes”, afirmou Rui Costa (à
esquerda)
(Foto:
Hugo Gonçalves)
Cumprimentos
Ao dar início a seu pronunciamento na
solenidade, o governador Rui Costa fez questão de cumprimentar o
vice João Leão (PP), o presidente da Assembleia Legislativa,
deputado Marcelo Nilo (PDT), cuja reeleição para o quinto mandato
consecutivo conta com o apoio do PSB, a senadora Lídice e os demais
membros da Executiva Estadual do partido, além de Bebeto Galvão,
único deputado federal socialista eleito pela Bahia para a próxima
legislatura, a ser inaugurada neste domingo, 1º de fevereiro.
Segundo Rui, seu primeiro encontro com a
militância do PSB veio por intermédio de sua mãe, hoje falecida, e
de um amigo seu, ambos vinculados aos movimentos comunitários que
tinham por objetivo reivindicar condições de vida dignas nos
bairros populares de Salvador.
“Naquele momento inicial, eu tinha
acabado de entrar no Polo, nos primeiros contatos que tive com a
militância do PSB. Portanto, tem desde essa origem uma identidade
muito grande. O PSB e todos os militantes do PT e de outros partidos,
ao longo dos anos, tinham um compromisso com a população mais
sofrida da capital deste estado, e que nós tivemos toda essa
trajetória juntos, muitas vezes com discordância e posições
políticas diferentes, mas com a mesma crença”, sublinhou.
Desafios para superar
A missão de dar continuidade ao progresso
social da Bahia com educação e saúde de qualidade, somadas ao
acesso à cultura e aos direitos da criança e do adolescente, entre
outros itens substanciais, que são bandeiras defendidas pelos
socialistas, é considerada por Rui como “uma tarefa histórica”.
“Nós temos que, com ideias novas, com nova organização e com
dedicação pessoal, superar os desafios que estão colocados”.
Entre os desafios de sua gestão está a
educação, tida como prioridade absoluta. O governador explicou que,
em pouco mais de vinte dias de governo, já visitou nove escolas
estaduais e duas municipais, em Salvador e no interior.
“Percebi a paixão, o amor e o brilho nos
olhos das duas diretoras que conduziram o Colégio Estadual
(Central).
Isso para mim faz uma diferença grande, como você estar à frente
de uma escola, de uma secretaria, de um órgão, alguém que faz
aquilo por paixão, por amor, quer ver o resultado acontecer. Eu só
acredito nas coisas bem feitas assim”, entusiasmou-se.
De acordo com o chefe do Executivo baiano,
tanto o governo quanto o PSB lidam com pessoas que se apaixonam pelo
que fazem e vão se dedicar. Ele disse também que tem convicção da
importância de transformar a educação através da cooperação de
todos e, apesar de o Poder Público estadual ter feito o necessário
por esse segmento ao longo desses oito anos, a atual situação
educacional ainda está muito longe do esperado.
“Eu entendo que nós precisamos fazer uma
verdadeira cruzada, uma verdadeira jornada de mobilização que estou
chamando de Pacto pela Educação. Vou chamar, logo após o Carnaval,
um evento com todas as prefeitas e prefeitos, para que nós possamos
assinar um termo de adesão ao Pacto pela Educação. Eu quero fazer
uma grande mobilização para apaixonar diretores de escolas”,
anunciou Rui Costa.
O governador reconheceu que, no tocante à
cultura, o PSB mantém uma identidade plena, e sabe nitidamente da
afinidade da senadora Lídice da Mata com essa esfera. Quando da
definição do seu secretariado, Rui estava dialogando com a
parlamentar sobre os prováveis nomes para a titularidade da Secretaria da Cultura.
Porém, na ocasião, ele chegou a adiantar
que um dos nomes mais cogitados era o do poeta e professor
Jorge Portugal, escolhido para comandar a pasta. “Tenho certeza que, na
área cultural, também nós teremos uma participação decisiva do
PSB. Ou seja, a identidade política, de conteúdo, de programa, é
muito grande”, ressaltou.
Para Rui, é preciso reaprender a fazer
mais pelo estado em meio a enormes dificuldades
(Foto: Hugo Gonçalves)
Adesão facilitada
Rui lembrou que, enquanto a adesão do PSB
ao governo da Bahia foi agora facilitada, a campanha que fez o
ex-chefe da Casa Civil ascender ao Palácio de Ondina, em 2014,
dificultou a reaproximação com os socialistas, devido às
semelhanças evidentes entre as propostas do petista e as da então
candidata Lídice da Mata, terceira colocada naquele pleito.
“Quero contar com a colaboração de
vocês em todas as áreas onde vocês têm militância, para que
possamos construir a Bahia que a gente quer, a Bahia dos nossos
sonhos, e resgatar o direito do nosso povo de ser feliz”, declarou.
Já que o primeiro ano de sua gestão está
sendo iniciado com uma série de problemas pelos quais o Brasil
atravessa, como restrições no orçamento, o governador reiterou a
capacidade de “aperfeiçoar e reaprender” a fazer mais pelo
estado, mesmo dispondo de poucos recursos financeiros.
“Nós temos que nos reinventar e
continuar acelerando os compromissos com o povo da Bahia, repensando
tudo que nós possamos, diminuindo a parte da burocracia, que é
grande, consome recursos e consome tempo, e nós temos que repensar
isso para fazer um governo mais ágil e rápido”, disse.
Apesar de ser o quarto estado mais
populoso, o quarto maior colégio eleitoral e um dos estados de maior
dimensão territorial do país, a Bahia ocupa o 23º lugar entre as
27 unidades da Federação em se tratando de renda per
capita.
Rui Costa observou que Sergipe, por ser pequeno, tem o dobro da
receita per capita
baiana, que por sua vez corresponde à metade da renda do estado
vizinho.
“Para levar água, estrada, segurança e
um conjunto de serviços, é evidente que o custo por atendimento
feito é muito maior. É por isso que somos enfáticos junto ao
governo federal que é preciso devolver à
Bahia o que ela precisa e merece, com certeza. Nós contaremos com as
duas representações federais. Estamos juntos, mais uma vez, na
caminhada”, concluiu o governador.
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