Deliciosa e irresistível... Marinaaara...

Diária e abruptamente, nos deparamos com aquela dublê de loura sensual, de aparência bonita e capacidade extraordinária nas peças publicitárias de uma notável franquia de restaurantes, retificando, lanchonetes especializadas em sanduíches. Elaboradas, conforme os marmanjos de plantão, somente para hipnotizá-los em decorrência da simpatia e da loucura irradiadas pela garota-propaganda. Por trás dessa formosura de anúncio, investiga-se um impasse quanto ao uso polêmico da imagem da moça original.

O paradoxo examinado tem como fio condutor a menção assídua do nome da famosa beldade, que outrora já estrelou papéis na dramaturgia televisiva e até posou em capas de revistas masculinas em seu ápice de glamour. Coincidência ou não, falamos de Marinara Costa, contudo ela não aparece nas peças. Ex-policial - acreditem! - que logo se transformou em notoriedade momentânea, seu nome, dispensando o sobrenome, batiza um sanduíche recém-lançado por uma gigante multinacional. A delícia comestível evidenciada chama-se Frango Marinara, o "baratíssimo".

Mais: a agência incumbida de forjar a nova campanha da empresa, cujo nome, a propósito, não vou citar neste artigo, utilizou-se da volúpia, da lascívia e do prestígio da loura evangélica para torná-la um mero objeto ilustrativo. O rótulo do produto anunciado, Frango - subentende-se "ao molho" - Marinara, é confeccionado  com filés obtidos de uma porção nobre da ave, o peito, regada ao suculento molho marinara (com letra inicial minúscula, óbvio), provocante enquanto comparado à modelo. E o queijo mussarela, imprescindível na receita do lançamento.

Nas minhas deduções pessoais, o fato de a sensacional imagem da mulher, digamos, a da protagonista do anúncio, clone anônima da modelo, estar atrelado ao sanduíche concebido por uma sofisticada cadeia de franquias, adquire uma ideia precisa de prazer, adicionada ao jogo de cintura feminino. Simultaneamente ao episódio que fascina o mercado publicitário atual, segundo um colunista de celebridades, o advogado de Marinara Costa promete intervir nele por pendências judiciais.

Enquanto isso, na versão materializada para o veículo mais querido da massa nos tempos de hoje, a televisão, o substantivo próprio Marinara se repete quatro vezes (Marinaaara...), nas cenas em que a dublê da moça beneficiada na década de 1990 por seus quinze minutos de glória arranca suspiros da juventude masculina, desfilando na passarela ao fundo das letras brilhantes compondo a palavra-chave.

A coletividade debruçada nas telas audiovisuais coloridas, particularmente os rapazes perplexos, coadjuvantes do enredo, sorri, se satisfaz e se emociona ao escutar o nome da ex-modelo no comercial, sem nenhum gesto subliminar. Fantástica estratégia que, embora seja polêmica e sujeita a interdições, tornou-se bem-sucedida e coerente, sinônimo de puríssima degustação.

Na publicidade, a exaltação da figura atribuída a Marinara e a infinitas alternativas de símbolos femininos, possuidoras de autêntica beleza e de equilíbrios físico, espiritual e emocional, na contramão da contraditoriedade, desperta, claro, a indelével fúria do sexo oposto. Somado à feminilidade, o paladar do sanduíche de frango onipresente nos cartazes, outdoors e comerciais, nessas circunstâncias, acabou se convertendo numa exuberante maravilha de apetite e sabor provocador. Captou, Marinaaara...

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