Folia dos fossos sociais
O Carnaval de Salvador, maior festejo popular do mundo, deve ser plenamente democratizado e harmonizado para que não haja um abismo visível entre as duas classes socioeconômicas – uma mais avançada e de elevado poder aquisitivo, e outra excluída e vítima da miséria e da violência. Vivemos num país cujo regime é essencialmente democrático, no qual as pessoas possuem o direito efetivo, equitativo e sublime de participar das suas deliberações, mas nem todos o asseguram, gerando o extremo desequilíbrio. Enquanto uns, integrantes da classe média e dos mais abastados, se divertem em circuitos, outros, provenientes das regiões mais periféricas, convivem com a insegurança total. Tanto é que essa concentração desigual das massas soteropolitanas acaba por ultrapassar vergonhosamente os limiares da opressão e da maledicência. Conforme a tradição, os sete dias de desfiles dos blocos em três circuitos estratégicos diferenciados – Dodô, estendendo-se de Ondina até o Farol da Barra; Osmar, do Camp...