Um instrumento aberto em defesa da sociedade

Políticos e representantes de entidades prestigiaram a II Feira Baiana de Inclusão, que mobilizou milhares de cidadãos no início do mês, no centro de Salvador

Na Assembleia, Fabíola (à direita, ao lado do professor Milton) terá como prioridade em seu primeiro mandato a criação de comissão da pessoa com deficiência
(Foto: Hugo Gonçalves)

Autoridades políticas e representantes de associações, conselhos e demais instituições da sociedade civil que abraçam a causa das pessoas com deficiência em âmbito estadual fizeram questão de parabenizar a II Feira Baiana de Inclusão pelo êxito em sua organização. Uma das principais apoiadoras dos direitos dos portadores de necessidades especiais na Bahia, a vereadora e deputada estadual eleita Fabíola Mansur (PSB), que prestigiou o evento plural, declarou que vai levar suas lutas já conquistadas na Câmara Municipal de Salvador para a Assembleia Legislativa.

Segundo Fabíola, uma das prioridades do seu primeiro mandato na Casa é tentar criar uma Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência, considerada pela parlamentar como instrumento de defesa por cidadania e direitos humanos, independentemente de limites geográficos e partidários. “É uma luta por cidadania, para defender a Constituição”, justificou. “Fora disso, nós vamos estar defendendo os interesses da pessoa com deficiência porque precisamos defender os direitos humanos. Então, todos os movimentos sociais poderão contar com essa deputada que vai levar para todo o estado essa luta”, reiterou.

Em seu rápido pronunciamento nos instantes finais da feira, ocorrida no último dia 5, no Campo Grande, região central da capital baiana, a vereadora citou o lema da Organização das Nações Unidas (ONU), “Nada sobre nós sem nós”, ao se referir à condição de respeitar os direitos sociais. “Não vamos desistir da política, porque a luta pela cidadania se trava também no mundo político, além do dia a dia, para ter direitos mais básicos. Contem sempre com Fabíola Mansur, que, independentemente de estar vereadora ou estar deputada, é uma cidadã em permanente luta em defesa dos direitos da pessoa com deficiência”, finalizou.

A coordenadora da Associação Baiana para Cultura e Inclusão (Abaci), Cristina Gonçalves, enfatizou que, progressivamente, a sociedade se abre para suas próprias limitações. É o que, na acepção dela, se denomina deficiência transversal. “Nós estamos em todos os lugares, em todos os cantos, em todos os tons dessa aquarela chamada sociedade”, explicou a militante, que tem deficiência visual e também é atriz.

Cristina registrou ainda que a entidade participa da Parada Gay desde o ano passado, com respaldo do Grupo Gay da Bahia (GGB), “porque temos, sim, LGBTs (lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, transexuais e travestis) com deficiência”. De acordo com a dirigente, a Abaci está promovendo “um trabalho lindo” no evento anual que celebra as causas dos homossexuais, realizado no mês de setembro. Ela também agradeceu ao presidente do GGB, Marcelo Cerqueira, presente na II Feira Baiana de Inclusão, por ter apoiado a demanda dos LGBTs que possuem algum tipo de deficiência.

Cristina Gonçalves, da Abaci: “Nós estamos em todos os tons dessa aquarela chamada sociedade”
(Foto: Hugo Gonçalves)

Sucesso para ser continuado

Membro do Grupo de Trabalho de Psicologia e Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência (GTPcD), do Conselho Regional de Psicologia da 3ª Região (CRP-03), a jovem psicóloga Catarina Soares parabenizou, em discurso, as instituições estaduais que cuidam do segmento, as associações representativas e os familiares pelo esforço conjunto ao cooperarem na organização do evento que mobilizou um público formado por milhares de pessoas.

“Vimos muita gente da família que fez com que essa segunda edição da feira se concretizasse e tivesse sucesso, porque a gente viu a animação das pessoas, a interação, e isso foi um sucesso. Sem dúvida nenhuma, (a feira) é um projeto que irá continuar na sua terceira e em outras edições. Queria agradecer também ao Ceclis, o Centro de Estudos Culturais e Linguísticos Surdos, que aqui está representado por Márcia (Araújo, psicóloga) e o professor Milton (Bezerra Filho), que trouxe um pouco da cultura e da comunidade surda, assim como outras entidades”, disse Catarina, entusiasmada.

Falando em nome do CRP-03, ela esclareceu que o grupo de trabalho do qual ela faz parte se reúne quinzenalmente às quintas-feiras com o intuito de debater as causas da pessoa com deficiência e, muitas vezes, os psicólogos, assistentes sociais e pedagogos estão no meio dessas discussões. “A gente quis, sim, se fazer presente aqui nesse espaço, bem como dentro do Conselho de Psicologia, a categoria se mobilizando. Estamos a serviço dessas causas, como todos que envolvem direitos humanos”, proclamou.

O GTPcD, segundo Catarina, promove atividades que estão abertas às pessoas e às associações, fazendo com que os psicólogos estejam totalmente disponíveis e mobilizados na causa dos deficientes. “Nós estamos numa categoria que luta em prol dos direitos da pessoa com deficiência, e a gente está mostrando isso através das nossas atividades lá no Conselho e fora dele. Também as instituições que têm psicólogos sabem como o trabalho é importante junto com o assistente social, com o pedagogo”, concluiu a psicóloga.

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