Papa Francisco nomeia Dom Orani Tempesta novo cardeal

Arcebispo do Rio de Janeiro foi oficialmente designado pelo pontífice como um de seus 19 novos auxiliares, com a presença de Bento XVI
 
Com informações do Jornal Hoje, da TV Globo, e do portal G1
 
Dom Orani, assim como todos os outros cardeais recém-nomeados, recebeu do papa o solidéu, o anel e o barrete
(Foto: Reprodução/Globo News)
 
O papa Francisco nomeou oficialmente, na manhã deste sábado (22), na Basílica de São Pedro, no Vaticano, dezenove novos cardeais. Entre eles, está um brasileiro, Dom Orani Tempesta, arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro. Com a nomeação, ele passa a ser denominado Cardeal Arcebispo Dom Orani Tempesta.
 
A cerimônia teve a presença do papa emérito Bento XVI, um ano após sua renúncia. Convidado pelo atual pontífice, o antecessor compareceu à sua primeira cerimônia pública e foi aplaudido ao entrar na basílica. Os papas se abraçaram e Bento XVI retirou o solidéu – pequeno barrete usado para fins religiosos – em respeito a Francisco.
 
O anúncio da criação de Dom Orani e de outros dezoito subordinados diretos do papa foi feito em 12 de janeiro. Foi a primeira vez que ele anunciou nomes para ocupar o cardinalato desde que assumiu a chefia da Igreja Católica, em março do ano passado. Antes da saída de Bento XVI, já havia expectativas de que Dom Orani fosse designado cardeal, mas a renúncia do papa adiou a nomeação que manteve a tradição na arquidiocese.
 
No primeiro consistório, que é a reunião de cardeais, do seu pontificado, Francisco leu, em latim, a fórmula de criação dos cardeais e chamou o nome de cada um deles. Todos os novos cardeais proferiram um juramento e receberam das mãos do papa o solidéu, o anel e o barrete cardinalício na cor vermelha, símbolo do sangue derramado pela Igreja. Eles ainda receberam o título de uma igreja de Roma. No caso de Dom Orani Tempesta, a designada foi a Igreja de Santa Maria Mãe da Providência.
 
A seus auxiliares recém-nomeados (veja relação abaixo), o pontífice disse, em discurso, que a Igreja precisa da coragem deles para anunciar o Evangelho, de orações e compaixão em meio à dor e ao sofrimento em várias regiões do planeta. De acordo com Francisco, um cardeal deve ser lembrado pela austeridade, sobriedade e pobreza. “Não é uma promoção. Ser cardeal é servir”, argumentou.
 
Um fato inédito no consistório: o Haiti, país caribenho devastado pela miséria e por grandes catástrofes naturais, como o terremoto de 2010, ganhou seu primeiro cardeal. Trata-se de Dom Chibly Langlois, 55 anos, bispo da cidade de Les Cayes.
 
Hoje, o colégio cardinalício é constituído por 218 representantes. 96 deles têm idade superior a 80 anos, enquanto os 122 membros restantes são eleitores (têm direito a voto). Ao término da cerimônia, Dom Orani recebeu os cumprimentos da presidente da República, Dilma Rousseff (PT). De Roma, Dilma segue para Bruxelas, na Bélgica, onde, na próxima segunda-feira (24), irá comparecer à VII Cúpula Brasil-União Europeia.
 
Como arcebispo do Rio, foi anfitrião do pontífice e principal organizador da Jornada Mundial da Juventude
(Foto: Cristiane Cardoso/G1 – Julho de 2013)
 
Tímido e conciliador
 
Dom Orani João Tempesta, à frente da Arquidiocese do Rio desde 2009, tem como atributos principais a timidez e a habilidade em conciliar. Nascido há 63 anos em São José do Rio Pardo, interior de São Paulo, ingressou aos 18 no Mosteiro Cisterciense, em sua cidade natal, onde atuou no setor de comunicação em paróquias da Diocese de São João da Boa Vista.
 
Foi ordenado padre em dezembro de 1974. Ainda no mosteiro, onde o sacerdote permaneceu por quase 30 anos, foi eleito abade (responsável pelo templo), em 1996. No ano seguinte, o papa João Paulo II o nomeou bispo da diocese de São José do Rio Preto, também no interior paulista, com o lema episcopal “De modo que todos sejam um”.
 
Em 2004, Dom Orani foi designado por João Paulo II arcebispo de Belém do Pará, permanecendo até 2009. Durante esse período, o religioso também exerceu a presidência da Comissão Episcopal para a Cultura, Educação e Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Em fevereiro de 2009, o papa Bento XVI o nomeou arcebispo do Rio de Janeiro, seu cargo atual.
 
Aproximou-se de Francisco ao ser anfitrião do pontífice durante sua viagem oficial ao Rio de Janeiro para a Jornada Mundial da Juventude, realizada em julho do ano passado. Na oportunidade, Dom Orani Tempesta teve a incumbência de recepcionar milhões de fiéis brasileiros e estrangeiros, além de lidar com problemas estruturais, como a transferência do evento do Campo de Guaratiba, afetado pelas chuvas, para a Praia de Copacabana.
 
Conforme familiares e amigos de Dom Orani, o método conciliador como conduziu a Jornada, da qual ele foi o mais relevante organizador, pode ter influenciado o papa na escolha do arcebispo brasileiro para um dos cargos de cardeal.
 
O abade do Mosteiro Cisterciense de São José do Rio Pardo, Dom Paulo Celso Demartini, amigo há 40 anos, revelou ao G1 que o novo cardeal tenta resolver conflitos entre pessoas de forma fantástica, chegando a um consenso. “Na verdade, ele procura mostrar que as duas partes estão certas, mas que cada uma tem que reconhecer as complementariedades das opiniões”, esclareceu.

Langlois tornou-se o primeiro cardeal haitiano
(Foto: Arquivo)

A safra dos criados franciscanos

Eleitores

1) Monsenhor Andrew Yeom Soo-jung, 70 anos, arcebispo de Seul, na Coreia do Sul.

2) Monsenhor Beniamino Stella, 72 anos, arcebispo titular de Midila, na Itália, e prefeito da Congregação para o Clero.

3) Monsenhor Chibly Langlois, 55 anos, bispo de Les Cayes, no Haiti.

4) Monsenhor Gérald Cyprien Lacroix, 56 anos, arcebispo de Quebec, no Canadá.

5) Monsenhor Gerhard Ludwig Müller, 66 anos, bispo emérito de Regensburg, na Alemanha, e prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.

6) Monsenhor Gualtiero Bassetti, 71 anos, arcebispo de Perugia-Città della Pieve, na Itália.

7) Monsenhor Jean-Pierre Kutwa, 68 anos, arcebispo de Abidjan, na Costa do Marfim.

8) Monsenhor Leopoldo José Brenes Solórzano, 64 anos, arcebispo de Manágua, na Nicarágua.

9) Monsenhor Lorenzo Baldisseri, 73 anos, arcebispo titular de Diocleziana, na Itália, e secretário geral da Congregação para os Bispos do Vaticano.

10) Monsenhor Mario Aurelio Poli, 66 anos, arcebispo de Buenos Aires, na Argentina.

11) Monsenhor Orani João Tempesta, 63 anos, arcebispo do Rio de Janeiro, no Brasil.

12) Monsenhor Orlando Beltrán Quevedo, 74 anos, arcebispo de Cotabato, nas Filipinas.

13) Monsenhor Philippe Nakellentuba Ouédraogo, 69 anos, arcebispo de Ouagadougou, em Burkina Faso.

14) Monsenhor Pietro Parolin, 59 anos, arcebispo titular de Acquapendente, na Itália, e secretário de Estado do Vaticano.

15) Monsenhor Ricardo Ezzati Andrello, 72 anos, arcebispo de Santiago do Chile.

16) Monsenhor Vincent Nichols, 68 anos, arcebispo de Westminster, no Reino Unido.

Não-eleitores

1) Monsenhor Fernando Sebastián Aguilar, 84 anos, arcebispo emérito de Pamplona e Tudela, na Espanha.

2) Monsenhor Kelvin Edward Felix, 81 anos, arcebispo emérito de Castries, em Santa Lúcia.

3) Monsenhor Loris Francesco Capovilla, 98 anos, arcebispo-prelado emérito de Loreto, na Itália.

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