Nelson Mandela, modelo de audácia e conciliação

Nelson Mandela (1918-2013)
(Foto: Arquivo)
 
Mártir da luta em prol da liberdade, da igualdade e dos direitos civis de uma maioria que vem sendo oprimida por uma minoria, a elite dominante, Nelson Mandela infelizmente teve sua longeva jornada mobilizadora interrompida ontem. No entanto, o ideário de Madiba, como era conhecido, fez dele um exemplo fascinante de conquistas e benefícios para a população em escala mundial, sobretudo de matriz negra.
 
O líder excelso das batalhas contrárias ao excludente regime de segregação racial, o famigerado apartheid, que há quase cinco decênios fez a rotina do quantitativo majoritário do povo sul-africano sucumbir a vícios como a miséria absoluta e a carência de itens primordiais à sua subsistência, foi indubitavelmente um dos ícones mais carismáticos que as veredas planetárias da modernidade já abrigaram.
 
Com suas extraordinárias generosidade e sensibilidade, combinadas ao seu brilhante racionalismo, Madiba, um humanista obstinado, perspicaz e prudente, nos deixou aos 85 anos. Apesar de estarmos órfãos por sua ausência física, ele nos brindou com uma abundância de frases persuasivas, convincentes e consistentes, induzindo o homem vivente na atualidade a analisar o contexto da sociedade maculada na qual ele está inserido.
 
“Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar”, “A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”, “Uma boa cabeça e um bom coração formam sempre uma combinação formidável” foram algumas das astutas lições de um sapientíssimo lutador.
 
Líder sul-africano era um humanista obstinado
(Arte: Hugo Gonçalves)
 
Passou vinte e sete obscuros anos de um absurdo mecanismo de prisão perpétua, porém abreviado na alvorada de 1990, quando ele foi libertado sob os aplausos exortadores de intrépidos contingentes populacionais sul-africanos e mundiais. De espírito guerreiro, Nelson Mandela fora preso por ser um egrégio conciliador racial e defensor de suas inesgotáveis causas equitativas, válidas para a integralidade da nossa humanidade.
 
Por desempenhar orgulhosa e audazmente seu emblemático papel antiapartheid, Mandela recebeu, como título honorífico, o Prêmio Nobel da Paz em 1993. Transcorrido um ano da entrega da medalha pacifista, a maioria dos habitantes da África do Sul, genericamente representada por sua negritude, o elegeu para chefiar as deliberações de uma pátria ceifada pelos tristes impactos segregacionistas. Foi um nome plausível para seus patrícios, que acreditaram na mudança conjuntural.
 
Ao sair do orbe terreno e ingressar no orbe celestial, Mandela não ficou notabilizado apenas como paladino de uma sociedade justa, livre, democrática e independente. Sempre foi, na memória daqueles que o admiram e o veneram, um herói, ciente e consciente na luta por um mundo igualitário, onde a concórdia étnico-racial é tolerável, sem nenhum indício discriminatório, prejudicial para nós. Que as doutrinações de Madiba se perpetuem em nosso íntimo batalhador.

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