Jorge Calmon, July e Samuel Celestino são homenageados pela ABI

Solenidade realizada ontem, Dia Nacional da Cultura, reverenciou três eminentes nomes do jornalismo baiano, como parte das comemorações dos 101 anos de A Tarde, veículo onde consolidaram suas carreiras na imprensa

Com informações dos portais A Tarde, Bahia Notícias e Tribuna da Bahia Online
 
Para Walter Pinheiro (centro), entidade prestou reconhecimentos à Bahia, à imprensa e à cultura locais numa ocasião tão importante
(Foto: Ângelo Pontes)
 
Três notáveis jornalistas que fizeram história na imprensa da Bahia, contribuindo substantivamente para o seu dinamismo e para a sua imparcialidade. O memorável Jorge Calmon (1915-2006), a colunista social Julieta Isensée, a July, e o cronista político Samuel Celestino foram homenageados pela Associação Baiana de Imprensa (ABI), em solenidade ocorrida na manhã desta terça-feira (5), Dia Nacional da Cultura, no edifício-sede da entidade, na Praça da Sé, centro de Salvador.
 
Segundo o presidente da ABI, Walter Pinheiro, também diretor-presidente do jornal Tribuna da Bahia, o objetivo da associação durante a sessão solene foi prestar reconhecimentos à Bahia, à imprensa e à cultura baianas, em uma ocasião tão importante quanto o 5 de novembro. Pinheiro salientou que a cerimônia aconteceu em um dia muito especial por ser “o Dia da Cultura e também do nascimento de Ruy Barbosa (célebre jurista baiano, 1849-1923). Nada mais justo que homenagear grandes nomes do jornalismo baiano”.
 
Os três homenageados tiveram seus itinerários edificados no jornal A Tarde, tanto que o evento era uma reverência ao centésimo primeiro aniversário do periódico fundado por Ernesto Simões Filho (1886-1957), comemorado no dia 15 de outubro. Além do referido tributo, que assinalou os preparativos para o centenário de nascimento de Jorge Calmon, a ser celebrado em 7 de julho de 2015, a ABI instalou uma comissão específica incumbida de organizar as festividades.
 
Comissão que organizará festejos dos 100 anos do jornalista Jorge Calmon (acima), celebrados em 2015, se constitui por sete integrantes
(Foto: Arquivo/Agência A Tarde)
 
Programação antecipará centenário
 
Conforme o jornalista, produtor editorial e professor universitário Luís Guilherme Pontes Tavares, a comissão organizadora dos 100 anos de Calmon, cuja criação foi ratificada por Walter Pinheiro, é constituída por sete membros, sendo quatro titulares e três suplentes. O colegiado tem como titulares o próprio Pinheiro, Samuel Celestino, Sérgio Matos e Nelson José de Carvalho, enquanto os suplentes são Ernesto Marques, Florisvaldo Mattos e Eliezer Varjão.
 
“O propósito inicial é de que em 7 de julho de 2014, um ano antes da data do centenário, ocorra o lançamento da programação durante a realização de mesa-redonda”, afirmou Tavares, que é diretor de Cultura da ABI, em artigo publicado em A Tarde um dia antes da cerimônia.
 
Um dos mais eminentes homens de imprensa da Bahia, Jorge Calmon, que ingressou no veículo impresso em 1934, foi diretor-redator-chefe por quase meio século, entre 1949 e 1996. Advogado de formação, Calmon foi presidente da ABI por dois anos, secretário do Interior e Justiça no governo de Lomanto Júnior (1963-1967), professor de Direito e História na Universidade Federal da Bahia (Ufba), onde também implantou no estado o primeiro curso superior de Jornalismo.
 
Ele ainda exerceu dois mandatos de deputado estadual, inclusive integrando a Assembleia Constituinte de 1947, e detinha a cadeira 23 da Academia de Letras da Bahia. Por coincidência, a cadeira é ocupada atualmente por Samuel Celestino. “A ABI sai na frente, mas estamos abertos à colaboração de outras instituições onde Jorge Calmon teve papel fundamental como ALB (Academia de Letras da Bahia), IGHB (Instituto Geográfico e Histórico da Bahia), Fundação Casa de Jorge Amado e outras”, ressaltou Luís Guilherme Tavares.
 
July (à esquerda) foi condecorada com medalha; Samuel Celestino (à direita) emprestou seu nome ao auditório da sede da ABI
(Fotos: Divulgação)
Meio século de glamour
 
Colunista social de A Tarde desde 1964, Julieta Isensée, a July, foi condecorada com a medalha Ranulfo Oliveira. Criada em 1998 como uma justa homenagem ao ex-presidente da ABI, que durante sua gestão construiu o edifício-sede da entidade, que leva seu nome, a medalha tem a intenção de reverenciar profissionais que se notabilizaram pela contribuição à liberdade e ao exercício pleno da atividade jornalística.
 
July, sócia da ABI desde 1961, está completando neste ano cinquenta anos de exercício profissional numa mesma empresa. Ingressou em A Tarde em 1963, como redatora e editora do suplemento Tabloide, que circulava aos sábados e contemplava quatro páginas de variedades. Um ano depois, a direção do jornal a transferiu para o colunismo social, onde sua seção permanece intacta. July também atuou durante 15 anos como cronista do Esporte Jornal, editado por seu amigo Luiz Eugênio Tarquínio, onde mantinha a coluna Mirante, na qual ela comentava um dos assuntos relevantes da semana.
 
A colunista se destacou pelo pioneirismo em trazer para o jornalismo social outras vertentes, a exemplo das artes. “A homenagem trouxe lembranças da minha vivência em A Tarde, onde trabalhei com pessoas como Jorge Calmon, que considero o maior jornalista baiano”, emocionou-se July à reportagem da Tribuna. Ela, além de jornalista, atuou como proprietária da NR Galeria de Arte, que funcionava no terceiro piso do Shopping Iguatemi.
 
Um jornalista honrado
 
O cronista político Samuel Celestino, outro jornalista reverenciado ontem, emprestou seu nome ao auditório da ABI, situado no oitavo andar do edifício Ranulfo Oliveira, onde foi inaugurada uma placa que consta seu nome. Lá, segundo ele, é possível apreciar o Centro Histórico de Salvador e contemplar 23 torres de igrejas, além de avistar muito bem a Baía de Todos-os-Santos.
 
O competente jornalista, ao batizar o auditório, declarou que se sentia honrado em receber homenagens da associação. "É uma honra muito grande que a mim foi dada pelos meus companheiros de instituição", disse. No local onde hoje é o auditório, funcionava a sala do cafezinho da Assembleia Legislativa, que Celestino frequentava quando era repórter político.
 
Sendo convidado por Jorge Calmon, Celestino foi contratado por A Tarde como editor de Política em 1974, restituindo ao periódico a coluna opinativa que fora suspensa em dezembro de 1968, em consequência da censura imposta pelo regime arbitrário brasileiro, como protesto pela promulgação do Ato Institucional nº 5 (AI-5). Atualmente presidente da Assembleia Geral da ABI, ele ocupou a presidência da entidade representativa dos jornalistas baianos por 25 anos, entre 1986 e 2011, acumulando 12 mandatos consecutivos.

Comentários

Hugo Gonçalves disse…
Prezado Hugo,
Estou divulgando a matéria .
Parabens !
Marcia Araujo
Unknown disse…
Parabens pelo Blog, Hugo! Excelente conteúdo. Grande jornalista e grande pessoa você é! Um abraço