Revelada descoberta de uma nova estrela gêmea do Sol

Liderada por astrônomos brasileiros, equipe de cientistas anunciou ontem a presença do astro no sistema solar, 8,2 bilhões de anos mais velho que o Sol e com suas mesmas características

Com informações do Jornal Hoje (TV Globo), do portal G1 e da Agência Estado
 
Estrela, batizada de HIP 102152, encontra-se situada na constelação de Capricórnio, a 250 anos-luz de distância do nosso planeta
(Foto: Divulgação)
 
Astrônomos de seis países, liderados por brasileiros, anunciaram a descoberta de uma estrela gêmea do Sol, que é 8,2 bilhões de anos mais velha que o astro-rei. Situada na constelação austral de Capricórnio, distante 250 anos-luz da Terra, a estrela, denominada Hipparcos 102152, ou HIP 102152, é considerada gêmea por possuírem massa e composição química similares às do Sol.
 
O trabalho, publicado em artigo da revista especializada The Astrophysical Journal Letters, foi coordenado pelos pesquisadores TalaWanda Monroe, estadunidense, e Jorge Meléndez, peruano, ambos do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (IAG/USP), e anunciado nesta quarta-feira (28) em coletiva de imprensa. A descoberta foi detectada a partir de observações no Very Large Telescope (VLT) do Observatório Europeu do Sul (ESO), no Chile, durante 40 noites desde 2011.
 
De acordo com os cientistas responsáveis pelo estudo, verifica-se a possibilidade de visualizar como a nova estrela gêmea solar vai evoluir, e também como será o futuro do Sol e do sistema solar. "O que define a evolução de uma estrela é sua massa e sua composição química. A observação dessa estrela vai nos trazer pistas de como será o futuro da nossa, de como o Sol vai envelhecer", elucidou Meléndez à Agência Estado.
 
Na acepção do astrônomo, o Sol, que tem cerca de 4,6 bilhões de anos – portanto mais novo que a estrela – atualmente está na metade da sua vida. "Mas infelizmente nós, astrônomos, só o temos observado com telescópio há 400 anos (referindo-se às primeiras observações realizadas pelo astrônomo italiano Galileu Galilei, 1564-1642), o que torna impossível estudá-lo só com base nelas”, disse.
 
Pesquisa foi coordenada por Jorge Meléndez e TalaWanda Monroe (foto), da USP
(Foto: Luna d'Alama/G1)
 
Mistério nas estrelas
 
Há, pelo menos, um mistério que a estrela recém-descoberta está ajudando a revelar: o mistério do lítio, elemento químico formado durante a gênese do universo e que está presente em baterias. Jorge Meléndez deduziu que a idade e o nível do lítio são inversamente proporcionais. Para o pesquisador, em entrevista à reportagem do Jornal Hoje, da TV Globo, enquanto as estrelas envelhecem, a presença do elemento diminui.
 
Um dos integrantes do trabalho, o brasileiro Cláudio Melo, diretor científico do ESO, diagnosticou a probabilidade de enxergar a HIP 102152 utilizando um telescópio amador e outros equipamentos observadores. Segundo ele, ao redor do astro recém-anunciado, porém, ainda existe a tendência de encontrar corpos celestes semelhantes à Terra com vida.
 
"A gente busca, quase como uma questão filosófica, um planeta semelhante à gente, onde a gente espera que tenham se desenvolvido de uma maneira semelhante. Mas, do tamanho do ponto de vista científico, saber se há ou não planetas de outros tipos de formação também é importante para entender de maneira global a formação planetária", afirmou Melo ao Jornal Hoje.
 
Meléndez, do IAG/USP, assegurou a importância de encontrar no universo estrelas gêmeas, e destacou que haviam sido descobertas outras do gênero – a mais velha, com 8,2 bilhões de anos, foi a primeira a ser encontrada, em 1997. Na mesma pesquisa revelada ontem, astrônomos também identificaram uma gêmea mais recente, batizada de 18 Scorpii, que deve ter 2,9 bilhões de anos.

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