Um bom VJ requer humildade

Entrevista: Davi Cavalcanti, o VJ Gabiru


“Gabiru, para mim, é uma metáfora de resistência e capacidade de adaptação.”
(Foto: Hugo Gonçalves)
 
Formado em Relações Públicas pela Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Davi Cavalcanti, que atende artisticamente por VJ Gabiru, trabalha com edição de vídeo e computação gráfica. Nesta entrevista, o artista multimídia traça sua trajetória, explana as metodologias empregadas por ele e seus colegas de ofício, a presente situação dessa profissão em solo baiano e as características que um ótimo criador de fatos imagéticos e sonoros deve carregar ao planificar e exibir suas performances que emanam da articulação entre o áudio e o vídeo.
 
É explicando a origem do seu apelido que o multiartista inicia a conversação.
 
VJ Gabiru – Foi um amigo, que é de Pernambuco, e nós, durante muito tempo, fizemos muitos trabalhos de artes plásticas em parceria. Então, a gente falava muito: “Vai, gabiru! Vem, gabiru!”; a gente chamava o outro de Gabiru. Só que Gabiru vem do nome gabiru, que é aquele que vem de outras cidades, e gabiru é nordestino em alguns lugares do Sudeste. Gabiru, para mim, é uma metáfora de resistência e capacidade de adaptação.
 
O fato de ser VJ, para ele, veio em decorrência das atividades que vinha realizando em sua área.
 
VJ Gabiru – Primeiro, consequência da minha experiência em Comunicação, consequência da minha atividade como artista plástico, consequência de quem trabalha e trabalhou com a área de audiovisual. É uma convergência.
 
Assim como todos os outros colegas de profissão, Gabiru executa vídeos, vinhetas, criações gráficas e performances.
 
VJ Gabiru – Normalmente faço performances de VJ ou me interesso em video mapping, como encomenda.
 
Ele diz ainda quais são os procedimentos técnicos dos quais os VJs se utilizam.
 
VJ Gabiru – Eu acho que vai todo tipo de técnica no tocante à imagem. Já conheci VJs que trabalhavam muito com ilustração, com desenhos; outros que misturavam pintura com projetos de computador. Portanto, a técnica, na verdade, depende do trabalho, ou da encomenda, o que você quer fazer.
 
O VJing foi introduzido em Salvador em meados dos anos 2000, com sete ou oito artistas. Gabiru conta as situações posterior e atual dessa prática na Bahia.
 
VJ Gabiru – Posso dizer que diminuiu o número de VJs a princípio em Salvador. No entanto, acho que algumas cidades do estado, como Cachoeira, São Félix, Feira de Santana, Ilhéus e Valença, são motivadas pelos editais do governo que desde 2008 vêm fazendo propostas com a população e grupos junto com oficinas. Depois, surgiram cursos da Universidade (Federal) do Recôncavo (a UFRB), que acho que abriu e está formando outra turma de VJs com experiência acadêmica, com professores de arte. Em breve, vão ter muito mais (turmas).
 
Segundo o artista, o VJ não necessita de nenhuma qualificação, mas exige conhecimentos peculiares.
 
VJ Gabiru – Não depende de nenhum curso formal, mas requer determinados saberes, como aqueles que dizem respeito a computadores. Hoje em dia, penso que é importante ter noção de arte, de história da imagem, uma série de coisas; isso é o que você mais qualifica.  Configuração de software é bobagem; no Youtube (site de compartilhamento de vídeos) você aprende.
 
Para encerrar esta entrevista, ele cita os atributos que um bom VJ deve possuir.
 
VJ Gabiru – Humildade, humildade, humildade, respeito para com o público, com o qual ele está se apresentando sempre, muito respeito, porque você deve pensar cada vez mais no seu trabalho, nas pessoas que vão estar ali assistindo, elas sempre merecem o seu melhor, o seu melhor esforço. Humildade de novo, ter disponibilidade de aprender, de estudar, não estar parado na vida, porque depende de estar lidando com uma profissão. Mas acho que, mais do que isso, é importante para que possa estar aprendendo.
 
Veja, abaixo, a intervenção de video mapping nos casarões históricos da Praça das Artes, Cultura e Memória, no Pelourinho, em 20 de outubro de 2012, uma das realizações que o VJ Gabiru possui em seu currículo de mais de dez anos como artista visual.
 

Comentários

Hugo Gonçalves disse…
Parabéns, Hugo. Muito bom !

Max

(Max Bittencourt - Professor da Unijorge)
Hugo Gonçalves disse…
Maravilha, Hugo!
Parabéns!
Saudades de você!
beijos

(Patrícia Moraes - Professora da Unijorge)