Habilitação, um instrumento de inclusão

Entrevista: Ana Cristina Regueira
 
Diretora da EPTran explica sobre o programa que garante aos surdos a acessibilidade no trânsito, cuja terceira turma foi aberta hoje
 
“Na minha gestão, eu providenciei o atendimento, só que não foi nada sozinho. Foi com a ajuda do Ceclis, que apoiou o programa (...).”
(Foto: Hugo Gonçalves)
 
Como todos os portadores de necessidades especiais, os deficientes auditivos, também designados surdos, são capazes de conduzir qualquer veículo automotor. Tendo por objetivo capacitá-los para obter sua primeira habilitação, a Escola Pública de Trânsito (EPTran) realiza, em colaboração com o Centro de Estudos Culturais Linguísticos Surdos (Ceclis), o programa de inclusão dessa categoria.
 
Mais uma etapa desse projeto de inserção social, destinado exclusivamente para surdos residentes em comunidades carentes, se iniciou nesta segunda-feira (3), quando foi aberta a terceira turma com uma aula inaugural, na EPTran, localizada na sede do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-BA), na região do Iguatemi. Para explicar mais a respeito do tema, conversamos com a diretora da escola, Ana Cristina Regueira, em seu escritório.
 
Hoje foi realizada a aula inaugural da terceira turma para a primeira habilitação. Quais são os propósitos dessa atividade?
 
Ana Cristina Regueira – Capacitar os surdos, que estão inclusos numa sala de pessoas que não tenham deficiência, e oportunizar que elas tenham acessibilidade, o direito de ir e vir, e possuam seu carro.
 
Qual o público-alvo?
 
A. C. R. – O público-alvo são pessoas carentes que precisam dessa habilitação, do futuro emprego ou para ter a sua acessibilidade, o seu direito de ir e vir.
 
Essas pessoas são provenientes de Salvador ou de todo o estado?
 
A. C. R. – Só de Salvador.
 
De comunidades carentes apenas?
 
A. C. R. – Isso. É uma ação social, onde nós estamos atendendo pessoas que não têm condições financeiras de arcar com esses custos. Então, é um programa social.
 
De quem é a iniciativa desse programa? É sua mesmo?
 
A. C. R. – Na realidade, houve uma solicitação da comunidade surda, que já vinha sendo solicitada anteriormente. Só que as pessoas, ou por uma questão de falta de informação, ou por achar ou não ter consciência da possibilidade de atendê-las, isso foi virando uma bola de neve aqui no Detran, onde demorou muito tempo para poderem ser atendidas. Na minha gestão, eu providenciei o atendimento, só que não foi nada sozinho. Foi com a ajuda do Ceclis, que apoiou o programa, e nós estamos há 3, 4 anos trabalhando juntos em prol de fazer esse atendimento para que essas pessoas sejam beneficiadas.
 
Será aberta uma terceira turma para obter a carteira de motorista. Quais foram as turmas anteriores?
 
A. C. R. – Teve em 2010, 2011, 2012, e agora em 2013. Em outubro, nós vamos abrir novas inscrições, aonde essas pessoas que necessitam da sua habilitação entram no site da escola e fazem a sua inscrição.
 
As aulas têm duração de quanto tempo? Qual o período?
 
A. C. R. – São 45 horas/aula, que dão por volta de 15 dias. Esse noturno.
 
As aulas, que começaram hoje, terminam que dia?
 
A. C. R. – No dia 25 deste mês. Nós vamos pará-las para os festejos juninos. Esse grupo que você (a equipe do Ceclis) está selecionando aí só vai poder começar mesmo após estar apto dos exames médicos, mais provavelmente em julho.

Comentários

Hugo Gonçalves disse…
A reportagem esta perfeita. Depois vamos entrevistar a surda .

(Márcia Araújo)