Copa de investimentos

Vinda do Mundial de 2014 à Bahia contribuirá para o desenvolvimento econômico de Salvador e de municípios localizados no seu entorno

Construção da Arena Fonte Nova trará impactos na economia, em particular na geração de emprego e renda e na integração urbana
(Fotomontagem: Divulgação)

Não somente de futebol, considerado uma das paixões nacionais, viverá a próxima Copa do Mundo, a ser disputada no Brasil em 2014, após 64 anos sem o país receber nenhum evento esportivo internacional dessa magnitude. Além disso, a competição refletirá de maneira substantiva no potencial da economia, do turismo e da infraestrutura das suas doze cidades-sede, incluindo Salvador, que a acolherá pela primeira vez.

Incumbida da coordenação dos planos para a realização do Mundial na Bahia, a Secretaria Estadual para Assuntos da Copa do Mundo da Fifa Brasil 2014 (Secopa) também está supervisionando os negócios e os investimentos locais que irão resultar da inédita vinda do torneio ao estado, aliados à arrecadação tributária e ao progresso econômico. O titular da Secopa, Ney Campello, analisa os valores que serão gastos em Salvador com vistas à Copa.

“Para preparar a Copa, você precisa preparar a infraestrutura da cidade. Ela existirá investimentos em mobilidade urbana, hoje previstos na ordem de R$ 2,1 bilhões; no Aeroporto (Internacional Deputado Luís Eduardo Magalhães), hoje com previsão de mais de R$ 100 milhões; no Porto de Salvador são mais de R$ 36 milhões; e a própria Arena (Fonte Nova), que representa um investimento da ordem de R$ 597,1 milhões”, explica Campello.

Ney Campello, da Secopa, declara que os projetos prioritários vão ajudar a dinamizar o crescimento do estado
(Foto: Divulgação)

Conforme observa o secretário, o comitê gestor, organismo responsável por subsidiar e implantar ações e projetos na instância estadual e cooperar na articulação entre os agentes públicos e privados na organização do campeonato, aprovou recentemente os projetos prioritários, que custarão o montante de R$ 4 bilhões, somados com investimentos em obras. “É uma injeção de recursos que vai ajudar a dinamizar a economia baiana e da capital do ponto de vista da geração de trabalho, emprego e renda, do fortalecimento da cadeia produtiva e dos negócios da Copa”, pondera.

Diversas organizações fornecedoras de produtos e/ou de serviços poderão ser desenvolvidas e implementadas por empreendedores, inclusive individuais, durante o Mundial de 2014. Ney Campello menciona, dentro desse agrupamento, os vendedores ambulantes e os pequenos empresários, como exemplos de ações lucrativas vinculadas diretamente com a circunstância do evento.

Mais impactos

O secretário da Secopa afirma que a construção da Arena Fonte Nova, com conclusão prevista para dezembro de 2012, trará impactos positivos à economia de Salvador, principalmente na geração de emprego, trabalho e renda e na integração do Centro Antigo, sobretudo do Dique do Tororó, com o Centro Histórico e com o porto.

“No entorno do equipamento, devem surgir empreendimentos comerciais, de serviços, educacionais, shopping centers, casas de shows, instituições de ensino”, declara. Por ser um equipamento multiuso, a arena abrigará, após os 6 jogos da Copa na cidade, partidas dos Campeonatos Brasileiro e Baiano, da Copa do Brasil, além de atividades múltiplas que abrangerão espetáculos artísticos, encontros religiosos e reuniões corporativas.

Dentre os legados benéficos que o maior campeonato de futebol do planeta proporcionará na cidade, de acordo com Campello, está a sua valorização e requalificação imobiliária resultante de novos empreendimentos, em especial nas imediações da futura Arena Fonte Nova, como o Dique e o Engenho Velho de Brotas. “Por exemplo, no entorno da Fonte Nova, já hoje as casas valem o dobro do que valiam antes do anúncio desse projeto (implantação da Arena)”, pontua.

No porto, serão reformados apenas os armazéns 1, que será transformado em espaço de entretenimento, e 2, visando atrair milhares de turistas durante a Copa
(Ilustração: Divulgação/Codeba)

Porto será revitalizado

Uma das tarefas essenciais na preparação da competição em solo baiano, o novo Porto de Salvador será inaugurado em 13 de maio de 2013. Foi o que propôs o presidente da Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba), José Muniz Rebouças, ao assinar, em janeiro, o Protocolo de Intenções junto à Secopa e à Secretaria Municipal do Desenvolvimento Urbano, Habitação e Meio Ambiente (Sedham). O documento, segundo o jornal Tribuna da Bahia, objetiva a cooperação técnico-científica entre o governo da Bahia e a Codeba, propiciando a concretização dos preparativos da Copa.

Segundo o presidente da autarquia, em entrevista à Tribuna no momento da assinatura do Protocolo de Intenções, serão reformados e modernizados apenas os armazéns 1 e 2. O primeiro armazém, que permitirá a integração do porto com a paisagem urbana, será transformado em um centro turístico, de lazer e entretenimento, enquanto o segundo, futuro terminal de passageiros, terá finalidade absolutamente receptiva: atrair um contingente estimado em milhares de turistas brasileiros e estrangeiros no período em que será disputada a competição.

Os trabalhos de revitalização do porto, a cargo do Governo Federal, através da Secretaria Nacional de Portos, custam em torno de R$ 30 milhões – montante destinado à reforma do armazém 1 – e R$ 36 milhões – quantia referente ao armazém 2. “Já temos consultas de grupos ligados à administração de shoppings que querem conhecer o projeto do armazém 1. Quanto ao terminal de passageiros, para se ter uma ideia, nós operamos hoje com uma área de 300 metros quadrados que vai passar para um terminal de 5 mil metros quadrados”, esclarece Rebouças.

O secretário da Secopa, Ney Campello, em depoimento à Tribuna da Bahia em janeiro, enxergou a relevância estratégica do espaço, servindo como um “reforço à capacidade de hospedagem que a cidade precisa ter para receber a Copa de 2014”. Segundo Campello, a reforma dos dois armazéns do Porto de Salvador, passada mais de uma década, é alvo de projetos que nunca foram realizados na capital baiana, assim como a revitalização do bairro do Comércio.

Ele ainda conta que a revitalização da zona portuária e o embarque e desembarque de transatlânticos de cruzeiros marítimos também estimulam o impacto no crescimento econômico soteropolitano. “Nós somos a única das 12 cidades-sede cujo porto fica distante da arena apenas 1 quilômetro em linha reta”, diz Campello.

Qualificação turística

A Secretaria do Turismo da Bahia (Setur), por intermédio de sua assessoria de imprensa, prevê a capacitação da mão de obra no turismo na Região Metropolitana de Salvador (RMS) durante a Copa. Para alcançá-la, a secretaria está desenvolvendo iniciativas de qualificação de 20 mil profissionais nas áreas de hotelaria, bares, restaurantes, comércio, recepção e motoristas de táxi. Ainda de acordo com o órgão, o torneio “vai ser responsável pela atração de cerca de 700 mil pessoas para Salvador durante os meses de junho e julho de 2014, 300 mil a mais que o volume de turistas que chegam à Bahia neste período atualmente”.

Por causa da presença ostensiva de hotéis e resorts na capital e em municípios adjacentes, em particular os do Litoral Norte (Lauro de Freitas, Camaçari e Mata de São João), o Mundial, na acepção da assessoria da Setur, é visto como uma “janela de oportunidades” para a RMS, sendo uma chance que visa otimizar o setor terciário da economia – os serviços – e qualificar a mão de obra local.

No período da Copa de 2014, além das 6 partidas na futura Arena Fonte Nova, haverá uma intensa programação cultural na cidade, na qual terá shows e eventos ligados ao próprio futebol no dia dos jogos. Já que o calendário da Copa inclui o dia de São João, 24 de junho, turistas de várias partes do mundo, ao desembarcarem em Salvador, terão o importante privilégio de comparecer aos festejos no Pelourinho, que vêm sendo organizados pelo governo do estado, através da Setur, em 2008.

Melhoria da rede hoteleira da capital e região gerará cerca de 19 mil empregos diretos
(Foto: Divulgação)

Quanto à hotelaria, serão investidos US$ 3,7 bilhões na ampliação e modernização de alguns hotéis já existentes em Salvador e no Litoral Norte até o torneio, bem como a construção de novos, de modo que os projetos tragam aproximadamente 19 mil empregos diretos à população. Recepcionistas, mensageiros, camareiras e funcionários da área de alimentação (cozinha e restaurante) representam cerca de 60% a 80% da mão de obra de um hotel, conforme pesquisa elaborada pelo Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Salvador e Litoral Norte (SHRBS).

“Mas devemos estar atentos e formar profissionais em todas as áreas da hotelaria e turismo”, enfatizou, em janeiro, o presidente do sindicato, Silvio Pessoa, à reportagem do jornal A Tarde. O gerente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (Abih), seção Bahia, Luiz Blank, em entrevista ao periódico, vê a profissionalização dos serviços e o domínio de idiomas estrangeiros como os desafios primordiais do setor hoteleiro ao final da Copa de 2014.

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