Que venha a ponte

Concepção artística da ponte Salvador-Itaparica
(Ilustração: Divulgação)

Nós, que dependemos bastante de duas categorias de sistemas de transporte aquaviário marítimo para adentrar a ilha de Itaparica - as embarcações constituintes do famigerado sistema ferry-boat e as tradicionais lanchas confeccionadas em madeira resistente -, nos habituamos com a crescente preocupação de a tão comentada ponte se transformar em realidade. Mesmo sem essa obra de magnitude absoluta, a ilha, fracionada em dois municípios, continua à alegre disposição dos veranistas.

A bilionária obra rodoviária, que efetuará a conexão entre a península soteropolitana e um dos exuberantes tesouros da Baía de Todos-os-Santos, partirá da futura via expressa batizada com o nome da maior porção de mar aberto brasileira, e proporcionará, talvez, avanço significativo nas localidades da ilha, eterno santuário ecológico, e em suas adjacências no continente, correspondentes à zona metropolitana de Salvador e ao Recôncavo. Uma ambição, afinal de contas, viável ou impossível de ser materializada?

Enquanto os defensores da ponte Salvador-Itaparica creem na sua imediata construção, aqueles que estão inconformados a consideram um desperdício desnecessário. Independentemente desse choque ideológico envolvendo a obra, além da burocracia em sua execução, sou fielmente favorável à realização de uma obra utilíssima para o contínuo incremento econômico e socioambiental de um dos formosos e incríveis paraísos naturais da Bahia, formado pelos municípios de Itaparica e de Vera Cruz, este ocupando seu quinhão majoritário.

Gigantescos impactos benéficos trazidos pelo monumento viário serão irradiados não apenas sobre Itaparica e Vera Cruz, mas também na Grande Salvador, em toda a sua extensão territorial. Dentre os reflexos positivos, incluídos no futuro Plano Diretor da ilha, podemos mencionar a absorção da demanda habitacional da região através da implantação de núcleos urbanos planificados e conectados diretamente ao meio ambiente, alavancando e alicerçando a satisfatoriamente a expansão turística da ilha.

A pretexto de o ferry-boat, agrupamento de navegação mais usual, encontramos poucas embarcações em circulação pelo fato de algumas estarem inoperantes devido a reformas modernizadoras e/ou panes nos motores. Como usuário do antes eficaz sistema, hoje frequentemente problemático e transtornado, lido - e sei lidar - com o prolongamento das filas e das horas ao aguardar o navio ancorar no terminal de São Joaquim para prosseguir viagem até a ilha de Itaparica. Esperamos que esse caos se reverta quando a ponte chegar.

Comparando com as velhas e rotineiras travessias marítimas, o acesso ao paradisíaco recinto pelo colosso de aço e concreto armado em fase de esboço, creio, poderá ser extremamente plausível quanto à sua eficiência, com enfática atenção para o curto tempo de ida e volta. As persistentes aglomerações de passageiros nos terminais, procedentes, em grande parte, de Salvador, com isso, poderão acabar em escala gradual. Os transtornos recorrentes durante a travessia, portanto, nem são transitórios, e transitória é a velocidade no embarque e no desembarque.

O que nos importa, por enquanto, não é somente a chegada, apesar de imprevisível, da ponte Salvador-Itaparica, a ser erigida a longo prazo, e dos parâmetros inovadores para implementar um inédito modelo urbanístico na ilha. Temos, como de praxe, que nos contentar e tirar proveito das fantásticas paisagens biológicas integrantes do refúgio, estreitamente vizinho à nossa metrópole, complementadas por centros históricos, balneários, condomínios, praças e um versátil e otimizado comércio de conveniência.

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