Videorreportagem: Aspectos psicológicos do bullying nas escolas

Um dos produtos comunicacionais confeccionados durante o projeto interdisciplinar temático organizado pelo Centro Universitário Jorge Amado (Unijorge), a videorreportagem abaixo põe em foco os aspectos psicológicos e comportamentais de um assédio físico-moral que persevera ininterruptamente no espaço educacional, cuja meta, para o agressor, é dominar a vítima. Essa atitude imoral denomina-se bullying, que em inglês significa intimidação ou humilhação.

A matéria em questão, parte integrante do trabalho batizado de Bullying: e se fosse com você?, foi elaborada por mim, Camila Barreto, Taísa Conrado e Thyara Braga, estudantes do 5º Semestre de Jornalismo da universidade, sob a orientação da professora Silvana Moura, que leciona a disciplina Telejornalismo. No entanto, dentre os quatro componentes encarregados de executá-la, Taísa foi escalada para ser repórter e locutora.

Como locações para gravar a reportagem, escolhemos a própria Unijorge, em seu campus Paralela, e o Colégio Villa Lobos, intermediário aos dois prédios do campus do centro universitário citado. As fontes entrevistadas na videorreportagem, selecionadas pelo próprio grupo responsável, são a psicopedagoga e coordenadora pedagógica do Colégio Villa Lobos, Fátima Freire, e o psicólogo e professor do curso de Psicologia da Unijorge, Anderson Chalhub.

Abaixo, insiro o vídeo da matéria, e a seguir, reproduzo a transcrição integral do seu texto. Por favor, acompanhem a leitura do texto abaixo ouvindo a matéria.



Taísa Conrado (off de abertura) – Um fenômeno violento e silencioso. Atualmente, a convivência entre iguais tem se tornado a matéria mais difícil da escola. O ambiente que representa proteção, aprendizagem e formação de indivíduos está cada vez mais ameaçado pelo bullying.

Taísa Conrado (ambientada no Colégio Villa-Lobos) – Piadas, apelidos, xingamentos, empurrões. Até quando tudo isso não passa de uma simples brincadeira?

Fátima Freire (psicopedagoga) – A criança, o jovem, ele faz uma brincadeira e ele não tem noção do quanto essa brincadeira está agredindo o outro. Mas eu fiz para brincar por brincadeira. Eu fiz sem querer, e na verdade isso está agredindo o outro. Então a gente precisa ver, caso a caso, para a gente entender esse sujeito que está praticando o bullying para saber que ele tem consciência de que ele está agredindo o outro ou não.

Taísa Conrado (off) – Segundo levantamento realizado em 2009 pela ONG Plan Brasil, nas cinco regiões do país, 70% dos alunos já presenciaram cenas de agressões entre estudantes, enquanto 30% vivenciaram situações violentas. Desse montante, o bullying foi praticado ou sofrido por 17% dos alunos. Mas, como entender esse tipo de comportamento?

Anderson Chalhub (psicólogo) – A gente tem que entender que o bullying é um tipo de assédio moral. Muitas vezes, muitos psicólogos negam a ideia de que o bullying é um tipo de violência, mas é um tipo de violência onde se tem uma relação hierarquizada, desproporcional e de poder entre uma pessoa que pratica e a vítima.

Taísa Conrado (entrevistando) – Como você define o comportamento de alunos que sofrem e os que praticam o bullying dentro da escola?

Fátima Freire – Existe aquele que apenas está se divertindo, mas você precisa conhecer aquele sujeito, sabendo a estrutura dele, conhecer a estrutura dele, para saber se ele é. O que ele entende do outro, como é que ele se posiciona diante do mundo, por que essa falta de respeito, para poder você dizer, para você falar desse sujeito com mais propriedade.

Anderson Chalhub – É possível que na escola isso aconteça por conta das novas relações sociais que o adolescente e a criança têm que fazer. E nesse encontro com novas relações sociais, sempre há um momento de você encontrar diferenças – o gordo, o feio, o magro, o CDF, a bela, a patricinha, a piriguete, o viado, a sapatona, vários preconceitos que circulam dentro da escola por conta da convivência social dessas pessoas em grupo.

Taísa Conrado (off) – Quando somos adultos, carregamos reflexos de descobertas do que vivemos e aprendemos na infância. Se estes reflexos forem sinônimos de humilhação, maus tratos, imposição, poder ou perseguições, ao lembrar dos tempos da escola, estamos diante de um indivíduo que já não é uma criança, mas tem marcas dos traumas sofridos nos ambientes escolares.

Taísa Conrado (entrevistando) – A gente já discutiu aqui que muitas pessoas que sofrem com bullying levam os traumas para a fase adulta também. Há tratamentos para esses distúrbios? Como se deve fazer? Como deve se agir com o jovem que tem esses traumas?

Anderson Chalhub – Muitas vezes, a pessoa que, na vida adulta, sofreu bullying, ela vai precisar, se ela desenvolver algum distúrbio psiquiátrico, como depressão, ou até casos mais graves de desenvolver, por conta do bullying, cisões na mente, como esquizofrenia, psicose, não. Tem que se tratar com medicamento, só que o medicamento não é suficiente. É possível também, é preciso também, que o psicólogo trabalhe com escuta, acolhendo esse indivíduo e fazendo com que ele mude de posição, de vítima e não para agressor, mas que ele consiga se posicionar de forma mais ativa para evitar aquele agressor próximo a ele. Então, o tratamento tem que ser conjunto, psiquiatria e psicologia.

Taísa Conrado (off de encerramento) – Crianças, jovens, adultos, qualquer um pode ser refém desses episódios que causam, acima de tudo, muita dor e transtornos irreversíveis. É preciso dizer não a essas agressões físicas e morais que parecem ser inofensivas, mas não são.

P.S.: Agradecemos aos entrevistados pela inclusão da videorreportagem bastante informativa e elucidativa neste blog. Ela é um alerta para alunos de estabelecimentos educacionais, da pré-escola à universidade, e para os pais, a fim de se aprofundarem sobre o assunto abordado, o bullying, e as suas consequências que acarretam no âmbito psicológico discente.

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