Mubarak renuncia ao governo do Egito

Após quase 30 anos, ditador abandonou o cargo na última sexta-feira, em meio a protestos populares, passando-o para chefe do Conselho Superior Militar

Com informações das agências Estado, EFE e Reuters e do UOL Notícias

O ex-presidente do Egito, Hosni Mubarak, no poder desde outubro de 1981, renunciou ao cargo na última sexta-feira, dia 11, depois de 18 dias de protestos contrários ao governo. Mubarak, que ocupou o posto máximo do país por quase 30 anos, após o assassinato de seu antecessor, Anwar al-Sadat, transferiu o comando para o Conselho Superior Militar, chefiado pelo marechal Mohamed Hussein Tantawi.

Em anúncio transmitido pela emissora de televisão estatal, o vice-presidente Omar Suleiman informou sobre a mudança na administração egípcia. "Por causa das atuais circunstâncias no país, o presidente Hosni Mubarak decidiu renunciar, e o alto comando do Exército está assumindo o controle do país", declarou Suleiman. Concentrada na Praça Tahrir, no centro da capital, Cairo, uma multidão formada por centenas de milhares de manifestantes se emocionou com a boa notícia.

Vice não foi empossado

Durante um discurso pronunciado na última quinta-feira, dia 10, o então ditador Mubarak afirmou que estava atribuindo poderes ao vice Suleiman, mas não abandonou o cargo, fazendo com que os ânimos dos manifestantes se exaltassem. Eles prosseguiram com os protestos nas ruas, mesmo em meio a recomendações das autoridades para que todos os egípcios voltassem para as suas residências e para os seus locais de trabalho.

Ex-ministro da Defesa, Tantawi participou do conflito para a nacionalização do Canal de Suez, em 1956, e das Guerras dos Seis Dias, em 1967, e do Yom Kippur, em 1973. O novo presidente egípcio foi cumprimentado e felicitado pela população, em frente ao palácio presidencial, no Cairo. Logo, ele a cumprimentou a bordo de um automóvel.

As reações populares contra um dos mais longevos regimes totalitários no Oriente Médio começaram em 25 de janeiro. Segundo informações da Organização das Nações Unidas (ONU), foram contabilizados mais de 300 mortos nas ruas e avenidas da capital e das principais cidades.

Brasil expressa simpatia

O fim da era Mubarak provocou tamanha repercussão internacional. No Brasil, o assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, expressou, em entrevista coletiva no Palácio do Planalto, simpatia com o movimento popular no Egito no mesmo dia em que o ex-ditador foi destituído. “Hoje (na última sexta-feira) houve uma vitória importante das reivindicações populares, que foi a saída do presidente Mubarak, a não-aceitação da fórmula imediatamente por ele engendrada”, emocionou Garcia.

Por meio de uma nota, o governo brasileiro, através do Ministério das Relações Exteriores, deseja que a transição política no país transcorra pacificamente, no bojo do respeito às liberdades, à cidadania e aos direitos humanos. De acordo com o assessor, “é muito difícil que a vontade popular seja confiscada”, no que se refere à irreversibilidade de um possível retorno à ditadura no Egito.

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