UNIJORGE na Moda expôs os 7 pecados capitais

Figurinos provocantes foram encenados no desfile temático durante o evento, que, além disso, teve encontro de blogueiras e leitoras, e mesa-redonda no Auditório Zélia Gattai

Hugo Gonçalves - Estudante do 4º Semestre de Jornalismo do Centro Universitário Jorge Amado (UNIJORGE)

Com o intuito de expor os trabalhos interdisciplinares dos estudantes do curso tecnológico de Design de Moda durante o semestre letivo, foi realizado, nesta quarta-feira, dia 1º, no Campus Paralela, o UNIJORGE na Moda. O evento, que acontece há três anos, teve, nesta edição, dois encontros no Auditório Zélia Gattai - um encontro entre blogueiros de moda e uma mesa-redonda sobre a criação e o desenvolvimento da arte na Bahia - e o desfile Os 7 Pecados Capitais, na área de convivência do prédio 1.

As atividades interdisciplinares, segundo o coordenador dos cursos de Design da instituição, Marcus Vinícius Souza Santos, são o desenvolvimento de coleções de vestuários e a produção de desfiles com fins meramente expositivos. Com frequência anual, o UNIJORGE na Moda tem, como expositores das novas tendências, estudantes do 1º ao 4º semestre.

Diálogo com blogueiros

O evento foi aberto com o Encontro de Blogueiras e Leitoras em um Bate-Papo sobre Moda e Consultoria, intermediado pela paulista Renata Neves, professora de Design de Moda da instituição. Durante a atração inaugural, no Auditório Zélia Gattai, Renata promoveu um diálogo informal estimulando a integração entre os editores e leitores de blogs, cujo fio condutor é o estilo. Participaram, ainda, estudantes de vários cursos.

Renata Neves lembra que os blogs começaram como diários virtuais, objetivando compartilhar conteúdos com outras pessoas. "Muitos blogs não colocam a fonte dos textos e das fotos, porque eles querem levar o seu mérito", afirma a professora. Ela também discursou acerca do surgimento das empresas de moda. Nascendo pequenas, no fundo das casas, elas se multiplicaram devido à crise.

A docente justifica a proporção massiva de cursos superiores de moda em São Paulo, onde possui 12 faculdades, contra 5 em Salvador. O motivo do fenômeno é, na acepção de Renata, quantitativo: um contingente absurdo de pessoas provenientes de outros lugares, como a Bahia, migra para São Paulo a fim de estudar cursos inerentes à moda. Além disso, o Estado, articulado com o Rio de Janeiro e com a cidade de Blumenau, em Santa Catarina, é referência nacional no segmento.

O sotaque baiano na cultura de criação e desenvolvimento de arte é marcante em São Paulo. A intermediadora do encontro citou um exemplo crucial dessa penetração, a marca baiana Elementais, a qual possui três lojas em funcionamento em terras paulistas. Esse fator, segundo Renata, é ocasionado pela globalização, incitando a generalização da moda.

A indústria em debate

Segunda atração do UNIJORGE na Moda, a mesa-redonda Criação e Design na Indústria Baiana debateu a indústria da moda na Bahia e os processos criativos de cada estilista participante. Compuseram a mesa o especialista em alfaiataria Alexandre Guimarães, a estilista Silla Maria Filgueira e o administrador Sílvio Neves, sócio da empresa de uniformes Sictory.

Graduado em Moda, Alexandre é proprietário da grife ALG, há quatro anos no mercado. A etiqueta não tem loja própria, mas suas indumentárias são comercializadas em sete pontos multimarcas, sendo dois na Bahia: Galpão de Estilo, no Jardim Apipema, e It Store, na Pituba. O público-alvo da ALG, segundo o empresário, é a "mulher contemporânea, moderna, que se interessa por moda e por arte em geral". Alexandre discutiu, na mesa-redonda, o direcionamento da sua grife para o público feminino. "Eu não produzo moda em alta escala. Trabalho em ateliê. É um público-alvo reduzido", acentua.

Silla Maria Filgueira atua no ramo, há nove anos, trabalhando com jeans. "Moda é 99% de transpiração e 1% de inspiração", disse. Ela acredita que o dia a dia de uma fábrica tem um esquema muito diferente de um ateliê, e o glamour é uma coisa instantânea, resumindo-se a uma nota no jornal. De acordo com Silla, conceber e desenvolver coleção de vestuários é exaustivo, como no Barra Fashion, realizado anualmente no Shopping Barra para uma plateia de cerca de 100 pessoas.

"Libertem-se e rendam-se ao pecado!"

Pronunciando esta provocante frase de efeito, o ator de teatro Bira Azevedo terminou ao lado da concluinte de Design de Moda da UNIJORGE, Érica Pires Sanches, o discurso inicial da maior atração do UNIJORGE na Moda, o desfile Os 7 Pecados Capitais. À noite, a área de convivência do prédio 1 virou uma glamurosa passarela, onde 16 alunas do curso desfilaram sobre o tapete vermelho, vestidas com figurinos inspirados nos sete pecados capitais - gula, luxúria, preguiça, ira, inveja, avareza e soberba -, ao som de música eletrônica.

O desenvolvimento da coleção exposta no desfile teve a orientação da professora da disciplina Projeto Integrador e coordenadora-adjunta do curso de Design de Moda, Suzana de Almeida, usando a metodologia do design que engloba todas as disciplinas do 1º e do 2º semestres. "Ela é constituída do reconhecimento dos desejos e das necessidades dos clientes e, juntamente com a tendência, são desenvolvidas as peças", pondera Suzana.

Para a coordenadora-adjunta, a concepção do tema da atração foi embasada na contextualização social, política, econômica e cultural brasileira na atualidade. O mundo, conforme Suzana, está refletindo os pecados no comportamento das pessoas por causa de tanta gente oportunista e ambiciosa.

Docente da disciplina Construção de Eventos para a Moda, Dyogenes Costa orientou toda a concepção da última atração do UNIJORGE na Moda, inclusive o tema central. "Eu o acho extremamente provocante, que é a nossa proposta: provocar o lado criativo do design de moda", elogia Dyogenes. No final do desfile, os mestres de cerimônia Érica Pires Sanches e Bira Azevedo parabenizaram as novas estilistas do mercado de Salvador pela confecção dos figurinos.

Disponível em: http://www.unijorge.edu.br/noticia_exibir.asp?cod=532. Acesso em: 2 dez. 2010.

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