Ver celebridades me dará vontade

Do mundo virtual para o mundo real. É com esse desejado ideário que eu, em momentos posteriores, verei, cumprimentarei e conversarei com gente cujo estrelato está sendo suplantado pela supremacia midiática. Meu planejamento e minha previdência quanto ao conhecimento dessa estirpe fluirá devagar, de modo paulatino, culminando nas intensivas e férteis pesquisas de campo para manufaturar matérias imprimíveis e comercializáveis. A fim de ingressar no seleto clube das entusiásticas personalidades, cogito, sonho e me devaneio de euforia.

Quero ir de encontro ao bom comportamento, à elegância e ao altruísmo humanitário quando ver proximamente estrelas políticas e artísticas. Ao comungar com pessoas pertinentes a essas ramificações, desafiarei, sem covardia e sem ociosidade, uma das velhas passagens alinhavadas ao senso comum, na qual todas as celebridades são inibidas de dialogar com cidadãos comuns; seus apreciadores estão enquadrados no círculo anônimo. Não deixarei indícios agressivos, então farei um pacto com membros sociáveis que me rodeiam. Comportarei com fineza, mas jamais me sentirei um covarde diante de um pandemônio do estrelismo.

Mantendo a ostensiva patrulha alojada no meu íntimo sistema sensorial, com imaginabilidade de magna significância, controlarei o corpo são em sintonia com a mente sã. Em hipótese alguma nunca irei negligenciar o apoteótico depósito de incontáveis e impreteríveis vivências reais e virtuais, concretas e abstratas, formais e informais. O célebre cérebro, localizado no encéfalo, conduz as funções do nosso organismo racional. Sua abrangência diuturna faz e fará de mim um ser bem-dotado, infiltrado nas preferências e percepções individuais que melhor adequam perfeitamente no meu perfil.

O formidável e eufórico entusiasmo em apreciar, aprazer e consumir a biografia, a trajetória e o desempenho ocupacionais de políticos, cantores, apresentadores e repórteres me afeta, persuadindo-me na fixação de suas vozes, vocações, invocações e evocações nos meus neurônios. Daqui em diante, essa excitante sensatez, observatório dos meus ânimos, soará mais alto, retumbantemente, como um agudo e veemente grito. Celebridades, famosidades, personalidades, sinônimos empregados para uma casta rentável, ora milionária, ora bilionária, ora exitosa, ora perdulária, assim como os cidadãos comuns. No ocaso do anonimato, elas optaram pelo proselitismo, ou pela conversão, à fama.

Solidarizar-se. Tarefa delineadora dos tortuosos caminhos, destinos, rumos e passagens de qualquer pessoa, simplória ou extravagante, sem se disfarçar, se intimidar e se preocupar com o retrógrado. Como um homem, masculino, educado e compreensivo, solidarizo-me através de pactos intrínsecos e extrínsecos, subentendidos e explícitos, com indivíduos confiáveis, desprezando meu personalismo. Famosidades, inclusive. Valerei-me dos meus indefectíveis atributos e preceitos, visando ensejar o meu recíproco, mútuo, intuitivo e hábil entendimento junto àqueles que estarão me circundando em certos locais.

Embora conhecerei concretamente algumas estrelas, favoritas ou não, estou convincente de que não irei me arriscar no notívago colunismo social à Ibrahim Sued, Amaury Jr. ou Caras. Revistas espionadoras da vida alheia não me interessam tampouco estão articuladas com o meu dom, talento e capacidade inesgotáveis. A minha vontade de domar o confinamento virtual já está explanada no bom humor e na irreverência. Uma frutífera utopia só será satisfatória por intermediação de uma adequada planificação espaço-temporal, caso de uma provável concórdia com um ilustre.

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