Liberdades: como é bom sair na paz!

Estou aproveitando as minhas férias acadêmicas, relaxando, descansando e me divertindo, e por isso tenho uma enorme vontade de sair um pouco de casa. Permanecer dentro de casa por mais de dez dias, sem passear e perambular por lugares que eu mais gosto, quase me dá um sufoco e, por sinal, é mais ou menos exaustivo. Saio de casa mesmo para me aliviar e me proporcionar mais sanidade, mais liberdade de pensamento, mais liberdade de sentimento e mais liberdade de entretenimento. Após os mesmos mais de dez dias, nos quais os rigorosos temporais capitanearam o início do segundo mês de inverno, minhas diversões extradomésticas já estão previamente confirmadas.

Graças ao milagre divino, e não a nenhum prognóstico meteorológico anunciado pela imprensa, o sol já voltou a brilhar razoavelmente aqui na minha Salvador, pondo um fim temporário – uma trégua – a longos períodos de chuvas fortíssimas que deixaram meu corpo gélido. As previsões podem não corresponder ao tempo adequado de mudanças na atmosfera. Desejo voltar a desfrutar dos meus plácidos, produtivos, fortificantes e frutificantes momentos de lazer não apenas no meu domicílio, mas também pela cidade, observando as últimas novidades e também os locais que não havia conhecido pessoalmente. Passear também me traz sensações acentuadas de energia, conforto e prosperidade.

Bem-estar é me alegrar com o retorno do calor e, de repente, dos programas individuais ou familiares que combinamos e fazemos rotineiramente. Bem-estar, para mim, é muito mais do que saúde, beleza e qualidade de vida. São atividades deliciosas e prolongadas de lazer, fazendo com que eu seja e tenha uma personalidade alegre, lúcida, inteligente e objetiva. Com essas aberturas de sol após as tempestades que sucumbiram os dias sucedâneos das cálidas festas juninas, quero que este inverno frígido, insípido, sombrio e taciturno soteropolitano se transforme gradualmente em um verão moderadíssimo. Meu intuito é que haja, em tudo, significativo equilíbrio térmico.

Tenho a própria incumbência de escolher um itinerário definido para depois eu me semiaventurar com cuidado, paciência e concentração. A minha semiaventura na qual às vezes sou andarilho urbano não é nociva, pois não é insólita nem me traz nenhum transtorno; é claramente inócua, pacífica, prudente, consciente e positiva. Estou ciente dos perigos que a sociedade perversa produz, dos transtornos, dos empecilhos, das armadilhas e de outras cenas deprimentes que felizmente não tenho pretensão de praticar contra a minha radiante personalidade, contra os pedestres e contra os motoristas que circulam pelos movimentados logradouros.

Confundir pessoas inocentes, benignas, cândidas e felizes com pessoas de má índole, violentas, ferozes e criminosas gera de fato uma promiscuidade que não passa de um sangrento conflito em praça pública. Por ser um homem consciente e onisciente, com alto nível de malícia e malandragem, percebo lucidamente as blasfêmias e as iniquidades cometidas pelos marginais em qualquer lugar movimentado por onde vou para seguir meu rumo certo. Não envolvo com nenhum deles, pois estou convicto dos atos errôneos praticados pelo ser humano nas civilizações atuais. Levo, transmito e desfruto, tacitamente, minha cintilante trajetória de vida na paz e na liberdade.

Não implico de maneira explícita com os bandidos ou com a polícia em ocasiões onde eu saio do meu refúgio de sossego para me distrair ou resolver meus problemas particulares. Sendo um ambiente vulnerável e sujeito a qualquer tipo de violência que podemos imaginar, todas as metrópoles germinam, pelas mãos covardes, confusões e ataques severamente contrários aos direitos humanos e à legítima justiça. Onde está toda a inocência, a compaixão e a benignidade do ser humano, cuja concepção é extraordinária e infinitamente luminosa? Foram logo exterminadas pelos hipócritas. Gritos de populares conclamando por socorro soam e ressoam em uníssono, com a probabilidade compassiva de romper com o declínio da segurança urbana.

Inconformados com a fugacidade e com a concupiscência da paz nas maiores cidades como Salvador em decorrência do fogo cruzado, nossos conterrâneos a reivindicam de forma permanente. Faço da minha consciência um escudo severo, armazenado na minha cabeça e no meu coração, objetivando a complacência, a coerência e a consonância entre os homens de boa vontade. O escudo a que eu me refiro é atribuído a uma majestade onipotente, venerável e indestrutível. Proteção e defesa para todas as situações de desânimo e falta de amor e liberdade. Concluindo: faço parte do time que preconiza a veracidade, a plenitude e a longanimidade do reino da paz na Terra.

Planejar para onde eu irei e para onde voltarei não depende mais do conselho nem do consentimento dos meus pais, apesar de eles continuarem a educar-me e a orientar-me. É por isso que eu, como adulto sério e confiante, penso atentamente e, posteriormente, entro pelas diretrizes e pelos destinos previamente selecionados e combinados para eu me progredir no caminho certo. Vou, com certeza, ao árduo caminho por onde nos conduz à fidelidade. Tenho que dar elevada importância aos índices de policiamento da região, com o intuito de averiguar se existem ou não assaltos, consumo de drogas, tentativas de homicídio, latrocínios, ou outras perversidades que nos arriscam.

Durante minhas saídas diárias ou ocasionais, fico feliz em ver e rever os edifícios, as ruas, as avenidas, as praças, as pessoas, as praias, os mobiliários, os automóveis, os ônibus, os painéis, os outdoors e suas respectivas transformações dinâmicas. Os diferentes passeios a negócios (compromissos, preocupações) ou a lazer (liberdade de espírito e reanimação) são considerados o meu reencontro com a vida urbana, seja calorosa nos dias, seja refrescante na mansidão das noites. Em tempos de lazer, quando ando, nado ou pratico alguma modalidade esportiva, minha adrenalina entra em ação. Fundamental para o meu corpo, esse hormônio é um poderoso combustível para liberar as minhas energias.

Ao longo do meu exercício ativo e passivo, sou um ser cujo semblante, cujo corpo e cujo espírito são extremamente virtuosos, frutos de um laborioso e incomensurável trabalho acumulado perante nove meses de gestação. Meu propósito, assim como o nosso, é estimular a felicidade, a comunhão e a consonância para com o próximo. Como é bom e eterno me divertir tranquila e silenciosamente em ambientes ostensivamente seguros... Mantenho minha prudência e minha responsabilidade para eu ser sempre um indivíduo bem formado, informado, reformado e transformado espontaneamente, seja em casa, na universidade, nos passeios ou no planejamento do meu amanhã.

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