Tesouro da cultura de um povo

Uma grande variedade de manifestações artísticas baianas, em particular o artesanato, está concentrada no Mercado Modelo

Matéria atualizada em 5 de junho de 2022, Dia Mundial do Meio Ambiente

O artesanato e a culinária da Bahia estão reunidos no antigo edifício da 3ª Alfândega desde 1971
Divulgação

Maior centro de arte popular de Salvador, o Mercado Modelo está situado no bairro do Comércio, um dos mais tradicionais da cidade. Com 263 lojas de artesanato, bares e dois restaurantes especializados em culinária típica baiana – o Camafeu de Oxóssi e o Maria de São Pedro –, o imponente edifício amarelo foi construído em 1861 para abrigar a 3ª Alfândega. O Mercado Modelo passou a ocupar essa construção neoclássica em 2 de fevereiro de 1971, após o incêndio de 1969 que destruiu completamente as instalações do mercado original, inaugurado em 1912.

Treze anos depois, em 10 de janeiro de 1984, o atual edifício foi incendiado, sendo logo restaurado e modernizado. As obras que o fizeram funcionar novamente com muito mais esplendor e encantos foram executadas às pressas pela construtora Soares Leone S.A. sob projeto idealizado pelo arquiteto Paulo Ormindo de Azevedo. Sua reinauguração ocorreu festivamente em 8 de dezembro do mesmo ano, dia em honra a Nossa Senhora da Conceição, pelo então governador João Durval Carneiro, que mais tarde seria senador.

A comerciante Amélia de Barros Santana, proprietária de uma das barracas, a Galeria Maturusso, cita os produtos artesanais mais vendidos no mercado. “Bonecas, camisas com lembranças da Bahia, colares, bolsas de palhas, agogô, pandeiros, vestidos, camisas bordadas, colares de miçangas, brincos de búzios, brincos de coco, pulseiras de coco, colares com todos os orixás, cada um com seu significado – Oxóssi, Oxum, Ogum, Iemanjá, Xangô”, conta a comerciante, que fundou sua loja há mais de quarenta anos.

Benefícios

Os produtos, de acordo com Amélia, são coisas próprias da Bahia. Ela ainda explica que o artesanato se desenvolveu e se prosperou economicamente no mercado pelas mãos dos próprios artesãos do estado. Diariamente, os artesãos confeccionam as lembranças da Bahia para que os turistas possam levá-las para seus locais de origem.

O comerciante Jorge Felipe de Santana, ex-presidente da Associação dos Comerciantes do Mercado Modelo (Ascomm), justifica a importância turística do local. “É uma das cinco fontes de turismo daqui de Salvador. O que é que ela influencia em trazer o turismo para aqui e em trazer divisas, trazer dinheiro para a economia na área do turismo. Então, todas as pessoas que estão envolvidas em turismo e o Mercado Modelo é uma das cinco fontes que trazem esses turistas para cá, ele influencia todas as pessoas que trabalham – baianas de acarajé, os hotéis, os guias de turismo – tudo isso se beneficia”, elogia o proprietário da Galeria São Francisco, instalada no primeiro andar.

Jorge Santana também questiona a carência de recursos governamentais – federal, estadual e municipal – destinados ao artesanato e o turismo no Mercado Modelo. “Talvez falte o interesse do Estado e da Prefeitura para se fazer um programa como esse, que é um programa que leva tempo. Ele não tem um retorno imediato, você tem que fazer um investimento, um investimento não é pouco, é caro, e o retorno é a longo prazo. Por isso, a dificuldade de se fazer um programa como esse.”

Destino: Bahia

Os produtos artesanais comercializados no Mercado Modelo, além de serem elaborados por artesãos baianos, são procedentes de outros estados, como Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco, segundo o comerciante Ademilton Ribeiro Andrade de Jesus. Apesar de serem feitos fora da Bahia, eles vêm como lembranças do estado. Quanto aos preços dos produtos, ele diz que são associados à época da sua compra. “Hoje, se você compra um produto, você coloca na faixa de 20 a 30% a mais de lucro. Então, o que você compra, estabelece um custo e coloca 20% a 30%”, diz Ademilton.

José Lázaro dos Santos Júnior, vendedor ambulante de picolés nos corredores do mercado, dá a sua opinião sobre a maneira como o artesanato típico é explorado. “Tem muitas coisas boas o artesanato aqui no Mercado Modelo, os turistas também, muito bom aqui na Bahia.” O turista Sérgio Lopes, de Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, diz que os diferentes tipos de artesanato do mercado refletem sua identidade cultural. “Refletem, na forma exuberante”.

Atividade econômica predominante no Mercado Modelo, o artesanato integra o riquíssimo patrimônio cultural da humanidade de Salvador. Portanto, essa maravilhosa manifestação artística, por ser bastante diversificada, encanta diversos frequentadores, tanto baianos quanto turistas brasileiros e estrangeiros. É um movimento constante que, segundo o comerciante Jorge Santana, impulsiona a economia, gerando empregos diretos para 1.500 pessoas que trabalham no mais importante polo de artesanato da Bahia.

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