Somos contra a evasão escolar

A ausência de um programa eficaz de educação pública e a falta de qualificação e valorização do corpo docente fazem da Bahia o estado campeão absoluto em evasão escolar do Brasil. Priorizar a educação, portanto, não é o objetivo atual dos nossos governantes. Todos nós, em virtude do anacrônico crescimento desse problema de ordem social, considerado um impasse para o progresso, estamos insatisfeitos em observar cotidianamente uma enorme multidão de aprendizes privados de um profundo e perene conhecimento social.

O estado da Bahia, que trouxe para o mundo um brilhante e glorioso pedagogo brasileiro, Anísio Teixeira, criador da Escola Parque na ocasião em que era secretário da Educação no governo Otávio Mangabeira (1947-1951), atualmente está com um horrível sistema educacional público em decorrência do abandono por sucessivos governos. Anísio era um socialista, preocupado com as nossas causas e com os nossos problemas sociais. Consequência da infinita avalanche da violência, a falência da educação é uma vergonha para o nosso povo.

Para nós, a extinção do sistema pedagógico concebido pelo grande gênio Anísio Teixeira, cujo legado permanece vivo na memória, na rede pública, é uma vergonhosa mácula para a população carente, que se utiliza da miséria para a sua sobrevivência. Outro importantíssimo educador, o antropólogo Darcy Ribeiro, adaptou as ideias e doutrinas do mestre Anísio para concretizar os famosos Centros Integrados de Educação Pública (Cieps) do Rio de Janeiro, nos governos de Leonel Brizola naquele estado. Receita de sucesso que colaborou na redução da criminalidade e da evasão. Porém, a maioria dos Cieps encontra-se, infelizmente, abandonada pelas autoridades que hoje estão no poder.

Toda escola, todo colégio e toda universidade sempre são polos emissores e irradiadores de conhecimentos que adquirimos através das preciosas letras. Letras que encontramos no dia a dia em livros, em periódicos e em todo e qualquer material impresso ou que produz comunicação e expressão, como é o caso da fala, um dos instrumentos primazes para a nossa sabedoria. Estudantes que sofrem com a evasão ameaçam o universo mágico das letras e das palavras, rompendo com a progressiva convivência com os signos e símbolos linguísticos. O único signo desses organismos incultos é a desigualdade socioeconômica.

Não queremos ver nossas crianças e nossos adolescentes nessa situação predatória que vemos atualmente. Juventude ferozmente explorada pelos governantes e reprimida pela própria evasão escolar. Abandono que leva ao trabalho precoce, por muitas vezes infantil e desumano.

O que nós queremos é mais educação, mais ensino, mais instrução, mais aprendizagem, mais cultura, mais leitura, mais conhecimento e mais ciência para todos os populares. Salve o fascinante cultivo das letras na Bahia, da capital aos mais longínquos sertões! Vamos humanizar nossa boa terra por meio da capacitação frequente dos profissionais de ensino.

Educação é a palavra-chave e a senha que viabiliza nosso progresso e nosso desenvolvimento social. Queremos que a nossa Bahia, um exuberante paraíso-patrimônio com uma incrível e incomensurável produção artística, seja mais culta e mais livre através do constante resgate da educação, benefício primordial para os indivíduos mais necessitados. A educação garante ao indivíduo perspectivas para uma nova vida. Se o estado mais desenvolvido economicamente do Nordeste continuar sendo campeão em abandono escolar, o índice de trabalho infantil e de violência aumentaria de modo gigantesco.

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