Três casos de meningite C a fazem avançar na Bahia

Pouco depois da morte da menina Carla Pereira Andrade, de 13 anos, em Santa Cruz, número de vítimas da epidemia chegou a 25 no estado

A meningite meningocócica, ou meningite C, que é a forma mais letal da doença, fez a décima primeira vítima em Salvador e a vigésima segunda na Bahia. Carla Pereira Andrade, de 13 anos, morreu na noite da última quinta-feira, dia 29 de abril, no Centro de Saúde Dr. Alfredo Bureau, situado no Conjunto Guilherme Marback, na Boca do Rio. A menina, que morava no bairro de Santa Cruz, fora levada pela mãe, a empregada doméstica Cátia Nascimento Pereira, para dois centros de saúde.

Primeiro, a criança, que estava com febre e dores de cabeça, foi atendida no 5º Centro de Saúde Dr. Clementino Fraga, na Avenida Centenário, onde foi submetida a exames à base de medicamentos analgésicos e antitérmicos e foi liberada. Carla foi levada para casa por dona Cátia, mas seu quadro de saúde se agravou com fortes dores e manchas pelo corpo. Em seguida, a mãe a levou ao posto do Marback, onde chegou por volta das 18 horas, mas não resistiu e morreu.

Carla estudava na Escola Estadual Teodoro Sampaio, em Santa Cruz. Seu corpo foi enterrado no Cemitério Municipal de Brotas. Ela foi a segunda vítima de meningite C no bairro, localizado nas adjacências do Nordeste de Amaralina, sendo que a primeira foi Luana Santos Rocha, de 11 anos, falecida em 2 de abril. Luana, apesar de ser vizinha de Carla, não estudava na mesma escola.

Negligência e indignação

A médica que atendeu a menina no 5º Centro foi acusada de negligência pela própria mãe, que também culpou o poder público pelo falecimento de sua filha. "Já teve vários casos no bairro e no colégio onde minha filha estudava, mas o governo não tomou providência para vacinar os moradores acima de 5 anos", afirmou, revoltada, dona Cátia aos repórteres Marcelo Brandão e Juracy dos Anjos, para o jornal A Tarde da última sexta-feira, dia 30.

Moradores do bairro onde Carla residia estão indignados e assustados com o surto de meningite meningocócica. A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) diz-se negar a respeito da existência de uma epidemia na localidade. Outro aluno da Escola Teodoro Sampaio que morreu do tipo mais grave da doença era Denilson Santos Melo, 14 anos, em abril do ano passado.

Agentes de vigilância sanitária da SMS, chefiados pela sanitarista Erna Velame, foram até à escola para entregar antibióticos aos estudantes que entraram em contato com a vítima, com o objetivo de impedir o surgimento de um outro possível caso de meningite C. O procedimento para a aplicação de antibióticos para essa finalidade é denominado quimioprofilaxia.

Segundo a diretora da escola, Maria de Lurdes de Souza Torres, as mães dos alunos estão muito preocupadas com as duas ocorrências de morte em consequência da epidemia em Santa Cruz. Com dois filhos estudando no Teodoro Sampaio, a empregada doméstica Maria José Ferreira disse que eles vão abandonar o colégio em razão do medo da contaminação. "Essa doença é horrível, mata as pessoas em 24 horas, vou tirar meus filhos de lá", disse Maria José a A Tarde.

Dois jovens morreram

Até a manhã de hoje, a Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab) registrou 25 mortes por meningite C neste ano no estado. Só em Salvador, foram 19 casos, e no interior, 6. O número de óbitos aumentou devido às mortes de Robson da Silva Ferreira, de 20 anos, no último sábado, dia 1º; e de Luiz Cláudio Rebouças, de 24 anos, ontem.

Robson, cujo corpo foi enterrado no Cemitério Quinta dos Lázaros, às 13 horas, morava em Marechal Rondon, e Luiz Cláudio, em Itapuã. Ambos faleceram no Hospital Couto Maia, no Bonfim, onde foram internados em estado grave.

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