Distúrbios alimentares e suas influências

Hugo Gonçalves, Ágata Fidelis, Fernanda Magalhães, Jessica Sandes e Laís Amorim
Estudantes de Jornalismo do Centro Universitário Jorge Amado (Unijorge)

Desde o seu nascimento, a mulher é induzida a ser vaidosa. Usar boas roupas e buscar um corpo perfeito fazem parte do seu cotidiano, mas até onde essa prática de cultuar exageradamente a beleza exterior é saudável? A anorexia e a bulimia são consequências drásticas impostas pela busca frenética da magreza, que os meios de comunicação divulgam como belo.

A abordagem deste tema tem como objetivo conscientizar as pessoas do crescente número de doenças e de mortes decorrentes dos distúrbios alimentares. Muitas vezes, quem está doente não tem consciência, e, com frequência, o alerta vem de quem conviva com essas pessoas. O tratamento deve ser acompanhado por especialistas, como psicólogos e nutricionistas; e é demorado, porém reversível.

No final do século XX, a moda mudou radicalmente o conceito de beleza. Até meados da década de 60, o belo era ser voluptuosa: Sophia Loren e Marilyn Monroe, que, entre outras, eram grandes símbolos sexuais. Porém, com o decorrer dos anos, os estilistas procuraram modelos cada vez mais magros, justificando o melhor caimento das suas roupas, transformando-os, assim, em "cabides".

A pressão estética passou também a ser divulgada pelas instituições sociais, que ao invés de resolver problemas de convivência em sociedade – seu papel social – estavam criando um. As mulheres querem tanto se encaixar no que se diz ser bonito, que acabam ficando alienadas e não mais percebem a exploração que lhes é imposta. Consequentemente, sem perceber, passam essa herança cultural de que as pessoas têm que estar bonitas para serem "consumíveis", para as crianças deste século.

O índice de distúrbios alimentares atingiu o seu pico no século XXI. A vontade de emagrecer é tão grande que os jovens não se importam se irão ou não prejudicar a saúde. Em comentário no blog Amar-Ela, uma mulher identificada apenas como Ana foi explícita ao sofrer as consequências dos distúrbios alimentares: "Então seja pelo caminho da anorexia, da bulimia ou do 'hábito saudável de se alimentar'. O importante é perder peso! Para mim a comida é inimiga e eu deixo de comer sim pra me sentir feliz comigo mesma".

Anorexia e bulimia não são meios de emagrecer, pois são doenças que podem levar os pacientes à morte, como no caso da modelo paulista Ana Carolina Reston, falecida aos 21 anos, em 15 de novembro de 2006, vítima de anorexia. Os anoréxicos sofrem de distúrbios emocionais e comportamentais e mudam completamente seus hábitos alimentares acreditando estar com excesso de peso. Já os bulímicos, após ingerirem uma grande quantidade de alimentos, provocam o próprio vômito, tomam diuréticos ou laxantes e praticam exercícios físicos exageradamente.

Felizmente a sociedade está se dando conta do poder da influência da moda na vida das pessoas e começaram a mudar. Três lições vindas da Europa melhor ilustram isso. Na Espanha, as medidas das modelos estão sendo regulamentadas para proteger o público e a saúde das manequins, proibindo que modelos com o peso abaixo do normal – índice de massa corporal (IMC) abaixo dos 18 kg/m – desfilassem nas passarelas de Madri.

Na Suíça, o Museu Basel-Landschaft inaugurou recentemente uma exposição sobre a gordura e o peso. E, em Berlim, um restaurante para pessoas que sofrem de distúrbios alimentares foi inaugurado por uma ex-vítima de anorexia e de bulimia. Esse é um grande incentivo para aqueles que sofrem dessas doenças conseguirem se reerguer.

Em entrevista à revista feminina Malu, de 28 de janeiro deste ano, a atriz Rafaela Fischer, 30 anos, contou como conseguiu vencer os problemas alimentares. A filha de Vera Fischer, que recentemente interpretou a personagem Raquel na novela Viver a vida, da TV Globo, mantém o seu peso sob controle através de uma maratona que inclui uma alimentação saudável e exercícios físicos.

"(...) já tive problemas de distúrbios alimentares, como bulimia e anorexia, e hoje tenho que tomar cuidado. Você não é curado, fica equilibrado. Tenho acompanhamento psicológico. É algo que fica na sua cabeça." Os distúrbios, aliás, não têm cura, pois o paciente exige longos períodos nos quais ele se reabilita por meio de sessões terapêuticas, reeducação alimentar, atividades físicas e cuidados diários com a sua saúde.

Rafaela ainda afirmou que, antes de ela sofrer de anorexia e de bulimia, pesou 93 kg. Em razão do constante medo de engordar decorrente da ausência de uma alimentação correta, ela emagreceu progressivamente. Hoje ela pesa 65 kg graças a hábitos vitais excelentes, fazendo com que se livrasse das enfermidades.

"Fiz terapia, procurei uma nutricionista e comecei a exercitar um pouco mais. Precisei das três coisas ao mesmo tempo. Acho que esse é o caminho mais saudável para perder peso. Eu fazia ioga, depois parei e comecei na aeróbica e na musculação. Hoje é uma hora de esteira, mais as sessões de musculação", disse Rafaela Fischer, que é um exemplo bem-sucedido de celebridade que enfrentou, com coragem, autoestima e disposição, os dois inimigos da alimentação saudável.

Por pouco a atriz se escapou desses prejuízos que beneficiam apenas a mídia e os empresários do setor da moda. Tanto a anorexia quanto a bulimia, claro, são fatores bastante incômodos dentro das sociedades contemporâneas, pois vários indivíduos desejam obter a busca pela perfeição exterior, sem se preocupar com suas extraordinárias virtudes interiores.

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