Eu e os temporais matutinos

Acordei hoje, uma quinta-feira escura e acinzentada, surpreso, e tive uma impressionante sensação de que o dia amanheceu fortemente chuvoso aqui na minha querida cidade de Salvador. Essa súbita mudança no tempo ocorreu a partir da tarde de ontem, quando alguns raios caíram timidamente sobre ela. Naquele dia, pensava que essa fraca "tempestade" atingiria alguns aparelhos eletroeletrônicos instalados na minha casa, principalmente o meu notebook - que é adaptável à eletricidade por ser um computador portátil - e a televisão. Mas, felizmente, não aconteceu.

Depois de me levantar da minha cama sonhadora, situada no meu bendito recanto particular de descanso, que é o meu quarto azul-celeste, tive uma surpreendente sensação de que realmente voltou a chover com forte intensidade. Até a cozinha ficou parcialmente alagada, chegando a molhar o tapete. Com essa nova onda de temporais que está atingindo o litoral baiano, o tapete da cozinha passou a proteger a porta do fundo, que dá acesso à área de serviço, de novos alagamentos.

Apesar de todos esses obstáculos, segui, tranquilamente, minha rotina matinal: escovei os dentes, tomei um agradável banho frio... e preparei um delicioso café da manhã que me dá muita força e energia para, em seguida, ir à Unijorge, onde curso o 3º Semestre de Jornalismo. Para atingir esse objetivo, caminho, com muita energia mesmo e sem cansar, o trecho da longa Estrada do Curralinho, na Boca do Rio (sentido Imbuí), e espero o micro-ônibus que faz a linha Trobogy/Vale dos Rios.

Esperei o micro-ônibus parar no ponto e, depois, andei pela passarela que dá acesso ao centro universitário. Quando cheguei aqui, há umas 7 horas da manhã, percebi que está completamente escuro devido à falta de energia elétrica na região da Avenida Paralela causada pela nova avalanche pluvial que invadiu à cidade ao amanhecer. É mesmo: nos primeiros minutos em que estou aqui no prédio 2 da Unijorge, houve um blecaute generalizado, do nível 1 (o andar térreo) ao nível 5. Dá para imaginar uma universidade, como a Unijorge, sem luz?

Claro que sim: é possível observar, temporariamente, a falta de luz elétrica em ambientes educacionais, incluindo faculdades e universidades, em particular nos períodos chuvosos. A luz é essencial para que todos os estudantes se aprofundem nos conteúdos que tem mais afinidade com os cursos que eles fazem. Sem a luz, não há os principais objetivos da educação, que são o conhecimento e a sabedoria.

Quando nós, estudantes de Jornalismo, estávamos esperando a aula começar, a luz, então, voltou a iluminar todo este ambiente acadêmico. Estávamos esperando a professora Fernanda Mauricio, que ensina a razoavelmente difícil disciplina Teorias da Comunicação, chegar na sala 4027, onde funciona a nossa turma, a B. Entretanto, a professora que chegou primeiro foi Márcia Guena, de Prática de Reportagem, que nos avisou sobre o adiamento da entrega das pautas recorrigidas sobre os bairros de Salvador. O motivo disso, segundo Márcia, uma jornalista competente e imparcial, é uma aula especial sobre as normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para a elaboração e organização das pautas.

Logo Fernanda, uma brilhante e excelente mestra, chegou à sala 4027 e, surpresa, observou que o chão estava parcialmente ilhado, portanto era impossível dar aula lá com essas condições. Minha colega Mayra Lopes, uma garota alta e sorridente que sempre vai à Unijorge usando óculos de armação grossa, nos deu até uma previsão bem-humorada para o dia seguinte: "Amanhã, todo mundo de biquíni até à faculdade!" Devido ao alagamento do chão de algumas salas, inclusive a nossa, 4027, transferimo-nos para uma outra à sua frente, a 4024, mas apresentando o mesmo problema. A professora Fernanda, no entanto, estava na sala 4026 para nos esperar.

Já com a professora na sala 4026, ao lado da nossa, fomos diretamente, mas só que excepcionalmente, a ela, que por pouco não foi atingida pelo temporal. Ela estava prosseguindo, normalmente, o fio da meada, com um novo assunto a ser estudado, que é até facílimo de se compreender. Trata-se da dominação cultural pelos padrões estrangeiros, muito interessante! Esse conteúdo, de natureza antropológica, que Fernanda Mauricio está nos ministrando é de fundamental importância para a formação de uma nova geração de jornalistas, como eu.

Enquanto isso, nos corredores do prédio 2 da Unijorge, inclusive no nível 4, está pingando bastante, dando origem a pocinhas flutuantes sobre o frigidíssimo piso de concreto. Tudo isso me deixa preocupante em consequência do mau tempo aqui em Salvador e também em toda a faixa litorânea da Bahia. O temporal de outono que está ocorrendo agora no litoral baiano começou logo de madrugada, através da mesma frente fria que inundou o Rio de Janeiro há dois dias. As enchentes naquele estado tornaram-se notícia nacional de destaque devido aos impactos que as chuvas trazem nas zonas urbanas.

Estou estudando bastante, lá em casa, para a prova que será aplicada amanhã, de Ateliê de Fotojornalismo, disciplina ministrada pelo experiente fotógrafo Cláudio Colavolpe. Desde ontem, já estou me aprofundando nos conteúdos que ele e Bruno Pataro, que a ensinava no semestre passado, deram em sala de aula. São assuntos mais complexos quanto este dia de muita chuva para que eu possa entendê-los da melhor forma possível. Hoje é um dia apertadíssimo para mim, porque eu, assim como todos os soteropolitanos, estou enfrentando as complicações geradas pelas chuvas que caíram intensamente sobre a nossa cidade.

Comentários

Hugo Gonçalves disse…
Ontem, nós, da turma B, não fizemos a prova de Ateliê de Fotojornalismo, pois o professor demorou de chegar devido às fortes chuvas.