Prevendo melhor o pleito de 2010

Já que estamos perto da grande festa da democracia, da liberdade e da cidadania brasileira, vamos compreender melhor as propostas e os projetos dos principais concorrentes na corrida presidencial de 2010. As eleições desse ano serão organizadas num ambiente favorável ao pleno exercício da liberdade política, ideológica e social. Os nomes de todos os candidatos só serão definidos durante as convenções partidárias a serem realizadas em meados do ano. Agora, é só suas campanhas começarem.

Dá para imaginar o tucano José Serra, ex-ministro do Planejamento e da Saúde do governo Fernando Henrique Cardoso, ex-prefeito da cidade de São Paulo e atual governador da locomotiva do Brasil sendo presidente? Vale lembrar que Serra foi derrotado no segundo turno de 2002 para Luís Inácio Lula da Silva, um ex-líder operário que conseguiu chegar ao Palácio do Planalto. Se for eleito, o último presidente da União Nacional dos Estudantes (Une) antes do golpe militar de 1964, que acabou sendo exilado, iria ressuscitar o neoliberalismo, introduzido no país por Fernando Collor de Mello e intensificado, anos depois, por FHC.

Como se sabe, o Partido da Social-Democracia Brasileira (PSDB) foi fundado em 25 de junho de 1988, durante a elaboração da atual Constituição, por um grupo de dissidentes progressistas do PMDB, liderados pelos então senadores FHC e Mário Covas (SP), pelo então deputado federal José Serra e pelo ex-governador paulista Franco Montoro (sua gestão terminou um ano antes). Um dos motivos que justificaram o surgimento do partido foi o descontentamento dos seus fundadores com o governo do então presidente José Sarney e com a sigla dele, o PMDB, que estava passando por uma crise de identidade, sendo basicamente de centro-direita.

Apesar de incluir em seu nome a Social-Democracia – uma ideologia de centro-esquerda que nasceu na Europa como alternativa ao comunismo, e que após a Segunda Guerra Mundial se tornou o regime de governo mais comum em vários países do lado ocidental do Velho Continente, onde foi implantado o simultaneamente famoso e bem-sucedido Estado de Bem-Estar Social –, o PSDB, por ironia do destino, chegou ao poder na direção oposta, em 1995. O que a legenda, aliada ao PFL (hoje Democratas) do então vice-presidente Marco Maciel, hoje senador, defendeu e atualmente defende?

O neoliberalismo, política do Estado mínimo (menor intervenção pública na economia), caracterizado pela abertura do nosso mercado ao capital privado. Foi com essa proposta que foram privatizadas empresas estatais, como a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a Companhia Vale do Rio Doce (hoje apenas Vale), o Sistema Telebrás, a maior parte das distribuidoras de energia elétrica e das rodovias. Além disso, quebrou-se o monopólio da Petrobrás na exploração do petróleo brasileiro. O sistema também foi o responsável pelo corte de gastos sociais, levando ao empobrecimento das populações mais carentes do país, em especial a Amazônia e o Nordeste.

Fernando Henrique Cardoso ampliou esse sistema graças ao sucesso do Plano Real, responsável pelo controle definitivo da inflação, do qual ele era o mentor, garantindo sua vitória fácil em 1994, logo no primeiro turno, contra uma dezena de concorrentes. Dentre eles estavam dois representantes da esquerda, Lula e Leonel Brizola (PDT), e o médico Enéas Carneiro (Prona), hoje falecido, que ficou em terceiro lugar graças a seu engraçado bordão “Meu nome é Enéas!”, lançado em 1989.

Vejam só: as últimas pesquisas estão dando Serra na preferência do eleitorado. Em seguida, está a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), espécie de conselheira do presidente Lula, mentora do Programa de Aceleração do Crescimento (Pac) e ex-guerrilheira. Se Serra chegasse ao Planalto, ele perderia uma oportunidade importantíssima: a provável ascensão de uma mulher valente, honesta e batalhadora à Presidência da República Federativa do Brasil, que por incrível que pareça poderia ser um brilhante acontecimento da nossa História.

Outros representantes das esquerdas estão em terceiro e quarto lugares. O deputado e ex-ministro Ciro Gomes (PSB-CE) já havia tentado a disputa ao cargo máximo do país pelo PPS, em 1998 e em 2002. Nesse último ano, Ciro apoiou Lula no segundo turno. A ex-ministra do Meio Ambiente e senadora Marina Silva (AC), que em setembro abandonou o PT e filiou-se ao PV, será uma ótima alternativa, cujo programa será centrado na preservação ambiental.

Os principais partidos de esquerda (se não lançarem candidatos próprios), os movimentos sindical, estudantil, feminista, ambientalista, pacifista, agrário, educacional, habitacional e demais organizações que lutam pela legítima causa popular brasileira têm que permanecer coligados e combinados pelo total apoio a uma virtual – porém emocionante – candidatura de Dilma às eleições de 2010. A vitória de José Serra, por outro lado, representaria uma rearticulação dos setores que pretendem restaurar o neoliberalismo no Brasil, encabeçados pelos tucanos e pelos democratas.

Esperamos que o pleito seja comemorado por toda a nossa população, com a vitória dos candidatos que tenham as melhores propostas. Também esperamos que nossa democracia seja eficiente se elegêssemos pessoas que possuam um alto grau de confiança, coerência, competência e honestidade. Com tudo isso, será uma grande festa da cidadania.

Comentários

Blog Dri Viaro disse…
Bom dia!!
Vim conhecer seu blog, e desejar bom fds
bjsss


aguardo sua visita :)